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Jaime Vasconcellos, economista.

Não foram grandes as mudanças no cenário macroeconômico das últimas semanas. Entre os principais indicadores, talvez aquele divulgado que mais nos chamou atenção tenha sido a inflação. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou em março ao 0,71%, pouco abaixo das nossas previsões, que giravam em torno do 0,8%.

O que parece quase não ser uma grande notícia ao aprofundar a observação e trazer um relevante apontamento: se o índice geral do IPCA ficou positivamente em 0,71%, o grupo de alimentos e bebidas, que no ano passado chegou a ficar o dobro do geral e é um centro de custo mais que importante para as famílias de mais baixa renda, mostrou inflação de apenas 0,05%. Ou seja, praticamente uma estabilidade. Cabe ressaltar que o que puxou a inflação em março foi o grupo transportes (+2,11%), influenciado pelos preços da gasolina.

Ressaltamos que a inflação, talvez o indicador mais falado em 2022 e com grande peso no freio ao consumo e vendas do comércio no segundo semestre, apresenta arrefecimento em 2023. Isso ao compará-lo com os níveis alcançados no ano passado. Em si, os atuais percentuais mensais não são baixos, mas menores que no ano passado, e devem puxar o IPCA acumulado em doze meses para abaixo dos 4% nos próximos meses, devendo voltar a crescer no segundo semestre.

Esta desaceleração da taxa anualizada imporá ao Banco Central (BCB) forte pressão para iniciar uma redução dos juros básicos da economia brasileira, dado que se este cenário for consolidado, teríamos um juro real na casa dos 10% ao ano. Ainda que o BCB tenha justificado receios com as políticas fiscais expansionistas do atual governo e seu impacto da demanda agregada (que pode alimentar a inflação), ele se verá contra a parede pelos próprios indicadores macroeconômicos. Por isso, apostamos que a Selic começará a cair já na transição do primeiro para o segundo semestre.

Caso tal movimento ocorra, por um lado há um alento (ainda que muito tímido) para redução do custo do crédito às pessoas físicas e jurídicas, sem contar a própria perda (também pequena) de competitividade a investimentos financeiros que buscam renda. Por outro, mantém-se o temor de que começaremos a baixar juros cedo demais, num cenário no qual se projeta mais uma vez que a inflação estará acima da meta estipulada no fim do ano. Em suma, buscamos um ponto de equilíbrio que não é possível ser alcançado, sendo o risco um fator presente e ainda mais atuante nas próximas decisões de política monetária que o BCB terá de tomar.

Para finalizar, seguem as nossas projeções macroeconômicas para 2023:

PIB: +1%                                         

IPCA: +6%                                        

SELIC: 13,25% a.a.

Taxa de Câmbio: 5,20

Balança comercial: + US$ 65 bi

Vendas do comércio BR: +0,5%

Volume dos serviços BR: +1%

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