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Por Jaime Vasconcellos, economista.

Em nossa primeira carta de conjuntura do ano, como deve ser, tem como objetivo projetar os desafios e oportunidades que a economia nacional terá no ano que se inicia. E olha que estamos falando de um ano cheio de particularidades. Com o novo governo, em meio a grande polarização, surgem desconfianças de rumos a serem seguidos, com manifestações e violência, o mundo crescendo menos e o impacto (ainda que seja em menor monta) da Covid no leste asiático e do conflito na Ucrânia.

De cara, é óbvio falar que cresceremos menos. Com uma taxa de juros em dois dígitos há algum tempo, inflação persistente e elevados graus de endividamento e inadimplência familiar, o consumo das famílias não mostrará grande força. E ele respondendo por dois terços de nosso PIB, rapidamente se percebe que está justificada a projeção de crescimento menor para 2023.

Outro ponto de interrogação se dá pela forma, projetos e/ou foco que o novo governo terá no seu primeiro ano de gestão. Se não houver alguma âncora fiscal que mostre alguma responsabilidade real com as contas públicas, do que simplesmente forçar a roda apenas pelo lado da demanda, teremos inflação mais forte, câmbio mais desvalorizado, necessidade de mais juros e naturalmente menor crescimento. A junção entre os esforços para política monetária de tentativa de controle inflacionário e políticas fiscais de crescimento nos gastos públicos mais que se anulam, elas acabam por gerar severos impactos ao consumidor final, que tende a conviver com crédito caro e poder de compra combalido.

NÃO PERCA!
Webinário “Economia e seus Setores” – balanço 2022 e perspectivas 2023
Data: 01 de fevereiro de 2023
Horário: 19h
Palestrante: Jaime Vasconcellos
Evento online: Live via Microsoft Teams
Mais informações: clique aqui

Ainda que tenhamos boas notícias no mercado de trabalho, depois de forte queda na taxa de desemprego em 2021 e com relevantes avanços mensais da geração de vagas celetistas, é o controle efetivo da inflação que possibilita essa nova massa salarial ter poder aquisitivo, seja para mercadorias ou para adquirir crédito mais barato. Veja: não estamos pedindo redução de gastos públicos, mas sim ao menos responsabilidade em seu crescimento, com regras claras de que não se gastará mais do que é arrecadado e que o país não se endivide além de sua própria capacidade de gestão. Não podemos inflar incertezas. Crises de confiança são complexas, duradouras e de difíceis soluções.

2023 começa, por um lado, com ritmo econômico arrefecendo, mas com emprego em alta e com projeção de ao menos de algum avanço. Lá fora, China e Europa crescendo menos nos traz cautela, porém países concorrentes passando por problemas (Rússia, Turquia e Argentina, por exemplo) podem garantir ao Brasil ser um local mais seguro para o aporte de investimentos internacionais e com reforço em sua liderança para determinadas cadeias de comércio internacional.

Temos à frente doze meses decisivos, nos quais, a depender do foco do novo governo, poderemos dizer se os próximos anos serão de crescimento sustentável ou não. Ideologias à parte, há espaço para o bom senso e para a aplicação de uma cartilha básica de olharmos antes para o bolso e depois para o gasto. É aí que moram tanto o nosso maior dever de casa, como os nossos maiores riscos.

Ainda que de forma prematura, seguem as nossas projeções macroeconômicas para 2023:

PIB: +1%                                                     

IPCA: +5,5%                                                    

SELIC: 13,75% a.a.

Taxa de Câmbio: 5,30

Balança comercial: + US$ 65 bi

Vendas do varejo BR: +0,5%

Volume dos serviços BR: +1%


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