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Jaime Vasconcellos, economista.

A fotografia da economia brasileira tirada em setembro é melhor que a do mês passado. Esta afirmação em nossa carta de conjuntura se dá pela consolidação do cenário mais positivo em 2022 já apresentado nos últimos meses e que, nos parece, ainda mais consistente com o conhecimento dos últimos números de inflação e Produto Interno Bruto (PIB).

Pelo lado dos preços, o IPCA de agosto mostrou uma nova e relevante deflação, atingindo os -0,36%. Não apenas novamente o grupo de transportes ajudou a puxar para baixo o nível geral de preços da economia, como até mesmo o grupo de alimentos e bebidas viu a sua taxa mensal arrefecer, passando de +1,3% em julho, para +0,24% em agosto. Este cenário, adicionado a novas reduções de preços de combustíveis, deve trazer também para setembro outra deflação. Este processo de queda rápida da taxa de 12 meses do IPCA, agora em 8,73%, auxiliará a projeção de que provavelmente fecharemos 2022 com o índice abaixo dos 6%. E olha que ele já foi projetado meses atrás circundando os 9%.

Se pelo lado da inflação as notícias são boas, pelo olhar do desempenho econômico do país não se fica muito para trás. O avanço de 1,2% do PIB brasileiro no segundo trimestre do ano (o mercado projetava +1%), consolidou o primeiro semestre com um avanço de 2,5% deste mesmo indicador, trazendo a expectativa de que a economia brasileira rondará um crescimento de 3% em 2022, muito acima dos +0,4% que o Boletim Focus (BCB) apresentava nas primeiras projeções do ano.

Tais cenários acima apresentados são alento a um processo importante de retomada da economia brasileira pós-pandemia. Principalmente calcado na recuperação do setor de serviços. A tendência para este segundo semestre é uma evolução geral menos acelerada, seja por um certo esgotamento deste processo de retomada pós-Covid 19 (que viria em algum momento), seja pelos efeitos naturais da política monetária contracionista que tinha como objetivo exatamente controlar o processo inflacionário interno.

Já para 2023, a tendência é voltarmos aos patamares mínimos de crescimento. Espera-se um avanço do PIB abaixo de 1%, com inflação mais comportada, mas ainda com taxa básica de juros acima de dois dígitos. E se é permitido pensar em 2023, a despeito de um processo eleitoral às portas da publicação desta carta, os desafios principais estão calcados na política fiscal do governo central, principalmente na equalização do seu orçamento frente às políticas sociais de transferência de renda, e também dos impactos no Brasil de um arrefecimento econômico chinês e provável recessão nas economias americana e europeias. Em suma, temos boas notícias no presente, mas cautela com o que vem pela frente.

Seguem as nossas projeções macroeconômicas para o encerramento de 2022:

PIB: +3%                                         

IPCA: 6,0%                                        

SELIC: 13,75% a.a.

Taxa de Câmbio: 5,20

Balança comercial: + US$ 65 bi

Vendas do varejo BR: +1%

Volume dos serviços BR: +3%


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