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Por Jaime Vasconcellos, economista.

Em nossa carta de conjuntura do mês passado já mostrávamos que as perspectivas para economia em 2022 estavam melhores, enquanto a expectativas com 2023 haviam piorado. Esta tendência parece ainda mais concreta após os principais indicadores macroeconômicos brasileiros serem atualizados e novamente projetados.

A deflação de 0,68% no IPCA em julho, conjunta com nova boa possibilidade de redução dos níveis gerais de preços em agosto, mostram que encerraremos o ano com inflação menor do que se esperava, o que significará um respiro ao indicador mais preocupante de 2022. Outro bom resultado vem do setor de serviços, que avançou 0,7% em junho, mostrando consistência na expansão pós-pandemia e carregando consigo o próprio desempenho da economia brasileira.

Da mesma forma em que as boas notícias são provenientes da redução mais acelerada da inflação e do bom ritmo do setor de serviços, chama atenção a queda expressiva da taxa de desemprego brasileira. Segundo o IBGE, a taxa de desocupação do país no segundo trimestre do ano ficou em 9,3%, ante 11,1% do primeiro trimestre de 2022 e de 14,2% no mesmo trimestre de 2021. Seja em relação ao início do ano ou em doze meses, houve o crescimento de ocupados em praticamente todas as categorias, sejam empregados (formais ou informais) do setor privado, público e domésticos, bem como das categorias de empregadores e daqueles ocupados por conta própria (com ou sem CNPJ).

Se os números acima justificam o otimismo, nos parece ser no mínimo responsável citar o que causa cautela. O freio deste processo, fora as próprias instabilidades trazidas pelo período eleitoral que se horizonta, está no fato de que os juros brasileiros devem atingir em breve os 14% ao ano, o que controla o ímpeto inflacionário, mas diminuirá o ritmo econômico de 2023. Outro ponto relevante é o nível de endividamento das famílias. Na cidade de São Paulo, segundo a FecomercioSP, temos o patamar mais elevado da história, onde praticamente três em cada quatro famílias se mostram endividadas. O acréscimo na inadimplência (endividados com contas em atraso) foi pouco sentido ainda, mas todo cuidado é pouco, até devido ao impacto do avanço dos juros aos consumidores.

Em suma, o que se vê é que no campo econômico para 2022 parece dado: a inflação será menor que a esperada e a economia melhor do que anteriormente projetada. A redução dos preços internacionais de algumas commodities, a diminuição do ICMS nos combustíveis e os impactos ainda da retomada pós-Covid no setor de serviços, respectivamente, explicam tais movimentos. Isto posto, nosso olhar se vira cada vez mais para a corrida eleitoral, seus debates e discursos, ambos por vezes infelizes no que tange a análise real das necessidades socioeconômicas brasileiras, mas ainda a nossa maior e única saída para alguma transformação estrutural e conjuntural de nossa economia e sociedade.

Seguem as nossas projeções macroeconômicas para o atual ano:

PIB: +2%                                         

IPCA: 7,0%                                        

SELIC: 14,0% a.a.

Taxa de Câmbio: 5,25

Balança comercial: + US$ 65 bi

Vendas do varejo: +1,5%

Volume dos serviços: +2,5%


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