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Por Jaime Vasconcellos, economista.

Em mais uma fotografia da análise conjuntural macroeconômica brasileira, destacamos na nossa carta de julho principalmente a melhoria das perspectivas à economia em 2022, em detrimento a piora do horizonte para o ano que vem. Em geral, o que se vê positivamente é o mercado apostando em mais PIB – maior proximidade de +2% do que de +1% -, menos inflação – mais próxima de 7,5% do que de 9% – e menos desemprego, abaixo dos 10% no encerrar do ano.

Mas vamos ponto a ponto. É esperado melhor desempenho da economia, pois o mercado de trabalho se mantém aquecido, seja observando os bons e significativos saldos de emprego medido pelo CAGED, seja pela tendência continua de queda na taxa de desemprego auferida pelo IBGE, que não se restringe ao emprego formal.

A perspectiva de menos inflação, que inclusive ajuda o desempenho do próprio PIB, se dá pela deflação prevista para julho e baixíssimo avanço de preços projetado para agosto, devido sobretudo às mudanças de alíquotas de ICMS para combustíveis, energia elétrica, gás, comunicação e transporte. E o desemprego em queda se dá não apenas devido ao avanço do emprego com carteira assinada em geral, mas também pela recuperação do mercado informal, sendo o setor de serviços e turismo carros-chefes deste processo.

Alia-se a este cenário medidas (consideradas em geral populistas) de distribuição de renda à população de mais baixa renda e categorias, como dos caminhoneiros, que injetam recursos na economia. Isto posto, é relevante dizer que o que se está fazendo é retirar o crescimento econômico de 2023, simplesmente trazendo-o para 2022. Enfim, a conta será paga no ano que vem.

As mudanças nas alíquotas de ICMS vão até 31 de dezembro, isto é, em janeiro teremos de volta mais inflação. O gás injetado nas políticas de distribuição de renda cria também mais inflação e eleva consigo o risco fiscal, mesmo com tais políticas cessando também ao fim de 2022. Fora todo ambiente internacional de recessão esperada nos EUA e Europa, que nos impactará menos do que se fosse na China, mas chegará até nós.

Em suma, o que se vê são razoáveis melhorias de tendências para o que será 2022, mesmo com incertezas naturais de um período eleitoral à frente. Agora, para 2023 se espera crescimento pífio e mais juros e inflação do que anteriormente era projetado. E não podemos nos esquecer, termos melhores perspectivas ao atual ano não inibe constatar como estamos convivendo com crédito mais caro, inflação persistente (principalmente para camadas de mais baixa renda), índices recordes de endividamento e inadimplência familiar, bem como a geração de emprego de baixa capacitação, salários e produtividade. As boas notícias são de curto prazo.

Com isso, atualizamos as nossas projeções macroeconômicas para o ano de 2022:

  • PIB: +1,5%                                         
  • IPCA: 7,5%                                        
  • SELIC: 13,75%          
  • Taxa de Câmbio: 5,15
  • Balança comercial: + US$ 65 bi
  • Vendas do varejo: +1%
  • Volume dos serviços: +2%

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