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Por Jaime Vasconcellos, economista.

As novidades vistas na conjuntura econômica no mês de junho estão concentradas em preços e juros. No primeiro ponto, destaca-se o IBGE mostrando que em maio o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e o INPC (Índice de Preços ao Consumidor) ficaram em respectivamente +0,45% e +0,47%, patamares abaixo do que o esperado por muitos analistas. Já a segunda novidade foi o avanço da taxa Selic brasileira para 13,25% ao ano, após o aumento de 0,50 p.p. na reunião do último dia 15 do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central.

Aprofundando um pouco mais o dado inflacionário, ressalta-se que a desinflação de maio, em comparação aos desempenhos do IPCA nos três meses anteriores (todas acima de 1%), pôde ser justificada pela deflação do grupo de habitação (-1,70%), em especial o subitem de energia elétrica residencial (-7,95%), ainda reflexo da amenização da chamada bandeira tarifaria nas contas de energia. Porém, não devemos deixar de destacar a inflação mais comportada também do grupo de alimentos e bebidas (+0,48%), com relevantes quedas de preços em tomate, cenoura, feijão, algumas hortaliças e frutas.

Já o avanço da Selic em 0,5 pontos percentuais reflete a preocupação do Banco Central com uma inflação duradoura, difundida pelo mundo e que preocupa também para 2023. Em verdade, não está claro que o Comitê paralisará seus aumentos sucessivos da taxa básica de juros brasileira, mas a tendência se aproxima disso. A preocupação, como o já foi dito, é para ano que vem, pois será mais um ano de inflação acima da meta e com crescimento baixo, dado o impacto do encarecimento do crédito e demais efeitos de juros mais elevados. E olha que se a recessão prevista à economia americana ocorrer, enfrentaremos um poderoso adicional de desafio ao nosso desempenho em 2023.

De toda forma, a boa notícia veio realmente da inflação. Nos parece que o pico da taxa de 12 meses do IBGE ficou para trás, em abril. Continuamos com avanço do nível geral de preços acima de dois dígitos, mas na margem já existe uma expectativa de melhoria para o segundo semestre. Período este, inclusive, que teremos relevantes acontecimentos para alterar nossa conjuntura econômica, como eleições e copa do mundo. É difícil prever os últimos seis meses do ano, mas do ponto de vista macroeconômico se espera arrefecimento tímido da inflação, juros altos, câmbio mais volátil e contaminação do ambiente econômico pelas disputas eleitorais. Podemos até ter um ano de melhor crescimento econômico que o imaginado, mas os desafios continuarão relevantes e transpostos para 2023.

Seguem atualizadas as nossas projeções macroeconômicas para o ano de 2022:

  • PIB: +1,4%                                                         
  • IPCA: 8,2%                                                        
  • SELIC: 13,5%              
  • Taxa de Câmbio: 5,15
  • Balança comercial: + US$ 60 bi
  • Vendas do varejo: +1%
  • Volume dos serviços: +1,5%

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