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Jaime Vasconcellos, economista.

Chegamos a nossa última carta de conjuntura de 2021. Este foi um ano dicotômico e que finaliza com desafios distintos daqueles quando iniciou. Os primeiros seis meses foram marcados pelos fortes impactos da segunda onda da Covid, puxando para baixo setores de serviços e comércio, bem como indicadores inflacionários, gerando discussões sobre novos amparos fiscais para alimentar a economia. Já sua segunda metade foi marcada por arrefecimento da pandemia, retomada do comércio e serviços e por um avanço inflacionário persistente e puxado por choques de oferta, redução de chuvas, avanço de preços do petróleo e alimentado por incertezas quanto à saúde fiscal do Estado brasileiro.

Deste processo todo, duas preocupações tornaram-se quatro para 2022. As duas preocupações de 2021 serão o futuro da Covid-19, principalmente devido a possibilidades de suas novas variantes, e a inflação alta e duradoura que será vista também ao menos na primeira metade do ano que vem. Para segurar esta inflação o Banco central tem avançado fortemente os juros da economia, que derruba a demanda para trazer os preços para baixo. Esse avanço de juros causa dois efeitos colaterais muito fortes e norteará 2022, isto é, com juro alto teremos crescimento econômico baixo e o endividamento das famílias tenderá a se manter em elevados patamares.

Em suma, fechamos o ano com inflação alta, juros altos e crescimento elevado, ocasionado pela fraca base de comparação do que foi 2020. Em 2022 fecharemos o ano com inflação pela metade do que a vista atualmente e economia de lado, com riscos até mesmo de uma recessão. Isso tudo com famílias endividadas, crédito caro e desemprego significativo, ainda mais no primeiro quadrimestre.

Essas notícias preocupantes para a macroeconomia em 2022 precisam chegar como convite (ou convocação) para o planejamento e cautela ao empresário. Inflação e custo de crédito elevado tendem a diminuir poder de compra das famílias, isso impacta receitas e naturalmente decisões como precificação e estoque dos estabelecimentos. Com menos recursos, a renda familiar deve ser novamente direcionada para bens essenciais e de consumo não adiável, portanto criar estratégias para venda de tais produtos pode ser uma boa ideia. Fora isso, manter contato com consumidor, ser assertivo na negociação, ter cuidados com prazos de pagamento e estocagem de mercadorias e manter fôlego e liquidez em capital podem garantir uma passagem menos tumultuada por um ano que já seria volátil pela presença de eleições gerais, e que fica mais desafiador com a conjuntura acima destacada.

Continuaremos na luta em 2022!

Abaixo seguem nossas últimas projeções macroeconômicas para o encerramento de 2021:

PIB: +4,7%                                                     

IPCA/IBGE: 10,5%                                                    

SELIC: 9,25%             

Taxa de Câmbio: 5,55             

Balança comercial: + US$ 60 bi

Vendas do varejo: +5,0%

Volume dos serviços: +4,5%

Abaixo seguem nossas primeiras projeções macroeconômicas para o ano de 2022:

PIB: +0,5%                                                     

IPCA/IBGE: 5,5%                                                    

SELIC: 11%             

Taxa de Câmbio: 5,55             

Balança comercial: + US$ 60 bi

Vendas do varejo: +1,0%

Volume dos serviços: +1,5%


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