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Por Jaime Vasconcellos.

Estamos nos encaminhando para o fim de 2021 com muito mais frustrações que alívios no campo econômico, seja ao vislumbrar a conjuntura econômica do ano que vem, seja avaliando o próprio ritmo da reconstrução econômica vivenciada no atual ano, em meio ao processo de avanço da vacinação e controle da pandemia da Covid-19.

A frustração com o cenário de 2021 se dá primeiramente pelo próprio crescimento da economia brasileira, que se projetava poucos meses atrás em mais de 5,5% e hoje já se sabe que provavelmente não atingirá nem os 5%. A inflação é persistente e proveniente desde secas e geadas ao destempero da irresponsabilidade fiscal, passando pelos impactos das oscilações internacionais e agudas do petróleo e demais insumos com fluxos e preços alterados pela acomodação produtiva e comercial pós maiores impactos da pandemia.

No Brasil, o controle da doença veio por meio de um processo de vacinação rápida e eficiente, ainda que com início em massa tardio. Por outro lado, o descontrole inflacionário força acréscimos portentosos da taxa de juros para derrubar a demanda agregada e trazer a fórceps o nível geral de preços para a normalidade. Este esforço pode ser em vão, dado que temos uma inflação de custos, provocada por choques e proveniente das incertezas do campo fiscal, agravado pelo rompimento do teto de gastos, um vital lastro de sinalização da responsabilidade com as contas públicas nacionais.

Em suma, está sendo necessário trazer praticamente a 0% o crescimento econômico em 2022 para controlar um monstro mais desafiador que é a inflação. Mesmo que ela, neste caso, não seja um fenômeno monetário. O resultado será, além de uma taxa pífia do PIB ano que vem, encarecimento de todas as linhas de crédito a famílias e empresas e imposição de freio à geração de empregos. Isso tudo em um ano eleitoral, com as agruras de campanhas político-partidárias cheias de narrativas e poucas práticas. Podemos esperar o câmbio ainda mais volátil, com inflação persistente, juros altos e desemprego ainda elevado, com bastante dificuldades principalmente aos mais frágeis, os informais.

De frustração o brasileiro conhece. Não nos parece que isso vai mudar no curto prazo, seja ao analisarmos os resultados de 2021, seja ao avaliarmos o futuro com 2022. Como já disse o grande economista, embaixador e político Roberto Campos, “Infelizmente, o Brasil não perde a oportunidade de perder oportunidades”. Perdemos a oportunidade de debatermos e aprovarmos novas reformas estruturais, começando pela administrativa, passando pela tributária e quiçá demais outras. Batalhando pelo hoje e com alguma esperança no amanhã, cabe-nos como consumidores e empresários olhar o cenário econômico e nos preparar para suas realidades, desafios e continuarmos a tentativa perene de maior eficiência e produtividade.

Abaixo seguem nossas projeções macroeconômicas atualizadas ainda para o encerramento de 2021:

PIB: +4,8%
IPCA/IBGE: 9,5%
SELIC: 9,25%
Taxa de Câmbio: 5,45
Balança comercial: + US$ 70 bi
Vendas do varejo: +5,0%
Volume dos serviços: +4,5%

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