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Por Jaime Vasconcellos, economista.

Chamar o resultado do PIB – Produto Interno Bruto – do segundo trimestre de 2021 (-0,1% em relação ao 1° trimestre) de decepcionante seria um exagero, mas não se nega certa frustração com o tímido recuo, frente a expectativas positivas, ainda que elas fossem igualmente tímidas. Chamou atenção pela ótica da oferta a queda de 2,8% do agro, puxado pela crise hídrica já apresentada. Pelo lado da demanda, o consumo estagnado era esperado, ainda devido aos impactos da pandemia e suas restrições no início do período, mas a queda de 3,6% dos investimentos (formação bruta de capital fixo) preocupou e preocupa.

Ainda para 2021, o que se horizonta é uma inflação persistente, vinda de produtos essenciais e agravada pela demanda do setor de serviços. Isso faz com que os juros continuem se elevando, pensando mais em 2022, obviamente. O PIB acima de cinco porcento começa a estar sob risco e as volatilidades (para não dizer desconcertos) políticas e o risco fiscal parecem cada vez espraiar seus negativos efeitos no ano que vem.

Um ponto de incerteza que precisa ser avaliado com muita cautela em 2021 são os impactos da variante Delta da Covid-19. Ainda que seu impacto no Brasil não tenha sido até este momento generalizado no que tange a mortes e novas internações, no mundo o avanço da variante vem sendo significativo e tem trazido novas restrições, avaliação de mais estímulos fiscais e atrasando uma retomada mais “limpa” da economia. Estados Unidos e Israel são exemplos desta realidade. No país americano a média móvel de sete dias de casos já sobrepõe 160 mil casos por dia e mais de 1500 mortes, com quase total impacto da nova variante. Há, no mínimo, de se observar este cenário.

Já olhando o ano que vem, 2022 deve levar os problemas de 2021, sem sua ilha de boa notícia, que é um crescimento portentoso do PIB – até pela base de comparação fraca do ano passado. Além disso, haverá todos os desafios de um ano eleitoral polarizado e de discursos radicais e retrógrados. Será um período de inflação, desemprego, endividamento e juros altos, e de economia mais fraca. Este cenário assusta, mas deve servir de sinal amarelo a empresários e demais consumidores. Ou seja, cuidado máximo com projeções, planos e níveis de receita e gastos. Alguns segmentos continuarão se recuperando da pandemia, enquanto outros se acomodando pós abertura. É um horizonte heterogêneo e de difícil visualização, portanto todo cuidado será pouco. Falarei mais sobre o tema oportunamente.

Abaixo seguem as projeções macroeconômicas atualizadas para 2021:

• PIB: +5,0%                                         

• IPCA/IBGE: 8%                                        

• SELIC: 8%          

• Taxa de Câmbio: 5,20          

• Balança comercial: + US$ 73 bi

• Vendas do varejo: +4,0%

• Volume dos serviços: +5,0%

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