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Por Jaime Vasconcellos, economista.

Foi praticamente unânime dentre analistas econômicos a surpresa positiva com o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre de 2021. O crescimento foi de +1,2% em relação ao acumulado nos últimos três meses de 2020, enquanto o mercado apostava em uma evolução abaixo do 1 ponto percentual, até porque o mês de março foi marcado por relevantes restrições às atividades econômicas, como comércio e serviços em alguns estados do país.

O que ocorreu é que pelo lado da oferta a agricultura, puxada pelo avanço da demanda e preços internacionais, cresceu 5,7%, enquanto pelo lado da demanda a formação bruta de capital fixo (investimento) outros 4,6%. Tais realidades compensaram o baixo crescimento do setor de serviços (onde está contemplado o comércio) e a queda no consumo das famílias.

Este resultado acima do esperado do PIB no primeiro trimestre causou uma revisão quase geral para a expectativa de crescimento da economia brasileira em 2021, a maior parte dos analistas prevê avanço acima dos 5%, principalmente após a reabertura mais ampla das atividades presenciais de comércio e serviços e início de algumas viagens a lazer de famílias no mês de maio. Todavia, não querendo ser o “arauto do pessimismo”, mas alguns pontos necessitam de uma dose de cautela, além da satisfação pelos bons números do início do ano.

O primeiro ponto é que apenas a taxa de carregamento do 4° trimestre de 2020 nos indicaria que se a economia brasileira se mantivesse no ritmo daquele período cresceria por volta dos 3,5%, isto é, devido a uma base fraca de comparação que foi o ano passado. Neste sentido, o crescimento, ainda que se aproxime dos 5%, nos impõe a necessidade desta revelação estatística para calcar nosso otimismo.

Outros pontos que condicionarão nosso desempenho nos demais trimestres de 2021 é o ritmo da vacinação contra a Covid-19 e o impacto das restrições que novos casos causariam às atividades econômicas. Neste sentido, ainda há incerteza neste processo se houver mais ondas da pandemia.

É preciso ainda completa atenção às próximas semanas em relação à inflação, tão agravada pela crise hídrica, e de eletricidade, que vivenciamos, e pela baixa oferta de matérias-primas de ordem agrícola e industrial no mercado interno; e o próprio ambiente político, que se mantém em clima quente e, por vezes, demasiadamente impactante nas agendas econômicas conjunturais e estruturais (reformas).

Abaixo seguem nossas projeções macroeconômicas atualizadas para o fim de 2021:
PIB: +4,8%
IPCA/IBGE: +5,5%
SELIC: 5,75%
Taxa de Câmbio: 5,25
Balança comercial: + US$ 65 bi
Vendas do varejo: +4,0%
Volume dos serviços: +4,0%


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