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13/07/2020 | Por Jaime Vasconcellos, economista.

O segundo trimestre chega ao seu fim com a expectativa que o fundo do poço ficou para trás. Em verdade, o que se viu foi o mês de abril como o pior momento e o processo de recuperação deu seus primeiros passos em maio e junho. Ainda que o último bimestre esteja com portentosos percentuais positivos para diversos indicadores, isso ocorre apenas como efeito estatístico de base fraquíssima de comparação mensal. Em outras palavras, estamos numa grave situação em relação ao ano passado, ainda que com tendências melhores do que as esperadas.

O relaxamento parcial das medidas de isolamento social proporcionou fôlego aos setores de comércio e serviços, porém não se espera que a recuperação econômica brasileira seja rápida ou linear. A indústria está com produção 22% menor que 2019, o mercado de trabalho ainda não atingiu seu pior patamar de ocupações ativas (formais e informais) e as contas púbicas ainda estão em processo de agravamento das expectativas – déficit primário acima dos 11% do Produto Interno Bruto (PIB) e dívida bruta do setor público acima dos 95% do PIB.

Observamos atualmente que as expectativas quanto ao desempenho da economia brasileira em 2020 variam entre -4,5% a -10%. Obviamente a projeção mais amena são opiniões de representantes do governo federal e as mais graves são de entidades e agentes internacionais. O Boletim Focus (BCB) do dia 13 de julho mostra uma projeção de -6,1%, ainda com melhores expectativas hoje que um mês atrás. Temos a impressão de que a direção aponta para algo entre -6% a -7% para o ano. Entretanto, tendendo mais próximo da pior margem do que da melhor.

Dois terços da nossa economia provêm do consumo das famílias. E a base desse consumo, infelizmente, ainda não sangrou como o projetado, dado que os informativos sobre o mercado de trabalho mostram vagas formais ainda sendo extintas e uma gama imensa de indivíduos que não consegue ao menos procurar trabalho. Sendo que os níveis de endividamento e inadimplência se mantêm em crescimento.

E a situação só não é pior pois o programa que possibilita redução ou suspensão de contratos de trabalho foi prorrogado. Ou seja, ainda não é possível estimar com alguma precisão em que platô a massa de rendimentos da população se estacionará. Podemos até ter surpresas positivas, porém será algo difícil de ocorrer.

Seguem abaixo, nossas projeções atualizadas para 2020:                                                                            

  • PIB: -6,5% (↔)                        
  • IPCA/IBGE: +1,8% (↑)                                   
  • SELIC: 2,00% (↓)                         
  • Taxa de Câmbio: 5,20 (↓)           
  • Balança comercial: + US$ 50 bi (↑)
  • Vendas do varejo: -8,0% (↔)   
  • Volume dos serviços: -6,0% (↔)
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