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30/06/2020 | Por Jaime Vasconcellos, economista.

Qualquer situação sem precedentes impõe, dentre seus principais desafios, a imprevisibilidade para sua superação.  O que estamos vivenciando é esse cenário. Desde os primeiros impactos mais proeminentes da pandemia ao tecido social e econômico brasileiro, nos vimos sem parâmetro para quaisquer tomadas de decisões, bem como expectativas. Ainda que no Brasil o ambiente anacrônico da esfera política e de lideranças públicas tenham exacerbado nos últimos meses a incapacidade para um amparo coordenado à Saúde, ao Social e à Economia.

A avaliação acima em si já nos desafiaria para projeção do segundo semestre. Ainda mais a uma atividade varejista específica, como a de materiais de construção. De toda forma, a representação do Sincomavi ao setor nos motiva a projetar possíveis cenários, inclusive para auxiliar nossas empresas a refletir sobre alguns pontos de risco e oportunidades que o ambiente macro possibilita à esfera micro.

Ainda que seja uma visão otimista, há boas perspectivas para o setor no segundo semestre 2020. Vamos ter grande evolução de vendas? Não creio. Porém há boa oportunidade de revertermos a derrocada aguda vista de março a maio, ao menos em tendência. É uma boa tendência! De um lado temos uma força negativa que afeta fortemente o comércio, que é a evolução do desemprego, endividamento e inadimplência das famílias. Por outro há juros mais baixos para compra de materiais de construção e financiamento da casa própria, continuidade de obras públicas, concessões e boa perspectiva ao lançamento e venda de imóveis. Sem contar a própria reinvenção do setor via e-commerce, estendendo formatos de atendimento, ajustando portfólio de mercadorias e adaptando-se às tendências de reformas domiciliares e home office, realidades estas absorvidas por muitos setores e profissionais.

Penso que não cresceremos 10% em 2020, mas vislumbra-se boas oportunidades de que o aumento de vendas no segundo semestre compense a queda dos primeiros seis meses. Onde se ressalta que o recuo abrupto se concentrou entre a última semana de março e a primeira semana de maio, mas com rápida reversão da curva. Para corroborar, o ICVA (Índice Cielo do Varejo Ampliado) mostra que o faturamento bruto nominal do setor de materiais de construção brasileiro ainda que tenha se afundado da terceira semana de março até a primeira de maio, possui crescimento de dois dígitos nos últimos 30 dias. Sendo que durante todo o período de crise acumula-se pequeno recuo de 0,7% em relação ao patamar de vendas pré-pandemia.

Em verdade, se chegarmos a fechar o ano com estabilidade de vendas será de se comemorar, todavia, ainda é uma expectativa frente a um ambiente volátil e de ritmo de reação nunca conhecida. Contudo, perante o restante do comércio, as últimas semanas nos dão esperança aos próximos seis meses.

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