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Enfraquecimento do setor imobiliário preocupa varejo de material de construção

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15/06/2020 | Por Jaime Vasconcellos, economista.

Há muito tempo se sabe que um dos principais indutores de desempenho das vendas do comércio varejista de material de construção é o setor imobiliário. Avança-se da análise óbvia do impacto da indústria da construção civil a esse segmento varejista. A venda do imóvel novo, por exemplo, traz consigo uma gama de consumo para melhorias, adaptações e customizações do imóvel por parte da família antes e durante sua mudança à nova planta domiciliar. Tal cenário nos impõe um desafio de acompanhar a conjuntura do setor imobiliário em tempo real, para captar tendências e possibilitar planejamento. Ainda mais em um ambiente de quase total imprevisibilidade, trazida pelo forte impacto do alastramento da Covid-19 e do necessário isolamento inerente a ela.

Dados do Secovi SP (Sindicato da Habitação) nos mostram dois cenários preocupantes na Região Metropolitana de São Paulo. O primeiro indicador, de lançamento de novos imóveis residenciais na RMSP, apresenta que em abril foram lançadas 2.004 unidades. A despeito de uma estabilidade em relação a março (2.078 unidades), o número é abaixo ao registrado em fevereiro (2.265 unidades) e bem inferior a abril de 2019 (3.464 unidades). Na cidade de São Paulo até houve aumento de 8% no lançamento de imóveis entre março e abril, mas as pouco mais de 1,9 mil unidades lançadas em nesse último mês significou uma queda de 44,5% em relação a abril do ano passado.

Número ainda mais preocupante trazido pelas estatísticas do Secovi SP é o de vendas de imóveis residenciais novos na Região Metropolitana de São Paulo. Em abril de 2020 foram vendidas 2.406 novas unidades, -27,6% em relação a março, -55,2% em relação a fevereiro e -18,6 na contraposição ao quarto mês de 2019. Somente na cidade de São Paulo houve queda de 28,3% das vendas na comparação mensal e de 27% na oposição anual.

Não há como fugir da avaliação evidente dos impactos do novo coronavírus no ambiente econômico e da dificuldade trazida pelo distanciamento social para apresentação dos imóveis, negociação e visitação a estandes. Fora o principal ponto de avaliação, a própria conjuntura econômica de severa dificuldade aos condicionantes do consumo das famílias, como emprego, renda, endividamento e inadimplência. De toda forma, mais um sinal de alerta aos empresários do varejo de materiais de construção, ainda que das estatísticas trazidas, algumas oportunidades a quem se mantém alerta ao setor imobiliário de unidades com dois dormitórios (ou menos), com baixa metragem (abaixo de 50m²) e valores de até R$ 240 mil.


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