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12/05/2020 | Por Jaime Vasconcellos, economista.

Em março, o departamento de economia e pesquisas do Sincomavi analisava como o bom desempenho das vendas e lançamento de imóveis em 2019 trouxeram bons ventos ao varejo de materiais de construção. No mesmo artigo se demonstrava conjuntamente que estimativas positivas para 2020 do setor imobiliário projetavam continuidade do bom cenário ao atual ano.

O que já é batido, mas real, é como o impacto da epidemia que traz a Covid-19 levou de forma rápida e aguda uma derrocada social e econômica no Brasil e no mundo. O setor de material de construção não ficou de fora disso. A atividade sofre da mesma dor do varejo, do comércio e da economia brasileira, como um todo. E aqui a dor é diferente, pois estamos falando de uma mercadoria não essencial e que necessita de crédito para aquisição familiar e avanço das receitas empresariais para investimentos da esfera privada.

E outro ramo que puxa o varejo de materiais de construção é o setor imobiliário. E ele foi bem ano passado. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostrou que as vendas de imóveis residenciais no Brasil cresceram 9,7%, em 2019, na comparação com o ano anterior. Já o SecoviSP (Sindicato da Habitação) apresentou que na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) o lançamento de unidades residenciais cresceu 37,6% em 2019 e a venda de imóveis para moradia novos na mesma região avançou 40% em relação a 2018. Esse cenário positivo ajudou o faturamento bruto corrente do varejo de materiais de construção crescer acima dos 10% no Estado de São Paulo, por exemplo.

Atualmente os ventos são outros. E o que nos chamou atenção foi a análise do próprio SecoviSP para o desempenho das vendas de imóveis imobiliários em abril, talvez o pior mês do impacto da atual pandemia em nosso ambiente socioeconômico. Mesmo que não tenham sido apresentados os números fechados da pesquisa realizada por tal sindicato, foi noticiado que as vendas estão 65% abaixo do previsto para o mês.

Ainda que essa projeção seja relacionada a um adiamento do consumo por parte das famílias, o impacto não é apenas de curto prazo. Espera-se forte aumento do desemprego, do endividamento e da inadimplência das famílias. Isso acarretará espraiamento de redução de vendas a todo varejo. Inclusive o de materiais de construção. O fundo do poço é pontual, mas a subida não é ligeira. Nosso ramo precisa se orientar pelo desempenho direto do seu caixa, mas também de importantes indicadores antecedentes de seu desempenho, como é o setor imobiliário. O Sincomavi se mantém alerta e dará o máximo de informações par auxiliar o empresário nesse ambiente tão hostil a sua continuidade.


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