Espaço Publicitário

Que mês de março! Nem ao menos chegamos à metade do mês e alguns eventos realmente já abalaram os mercados, bem como os noticiários econômicos. A bolsa brasileira teve seu pior dia desde 1998, houve divulgação que o PIB brasileiro evoluiu 1,1% em 2019, menor taxa de crescimento que em 2017 e 2018, e o coronavírus tem gerado uma agitação pandêmica nos mercados financeiros, comércio externo e flutuação das moedas. Tudo isso em meio a um processo visível de incapacidade política de continuidade de aprovação de reformas estruturais, como a Tributária e Administrativa.

Em relação ao coronavírus, estima-se impacto de até 0,5 ponto percentual negativo no crescimento do PIB nacional de 2020. Há abalos severos no comércio externo, culminando, por exemplo, em até falta de insumos industriais chineses às plantas brasileiras de aparelhos eletroeletrônicos. Sem contar uma movimentação anacrônica do mercado financeiro.

Como se já não bastassem tais impactos, a perspectiva de redução do ritmo econômico mundial com o alastramento da doença levou a Arábia Saudita, em impasse com a Rússia, a anunciar aumento de produção do petróleo e, consequentemente, queda abrupta do preço do barril, como visto apenas na Guerra do Golfo. Este cenário contaminou os mercados, derrubando bolsas, elevando instabilidades e demasiada volatilidade das moedas. Somente o Ibovespa recuou 12% e o dólar atingiu R$ 4,72, seu valor recorde. E não se sabe quais movimentos virão a seguir, mas a chance de piora do cenário internacional é grande.

Já em relação a economia brasileira, há severa preocupação com a conjuntura atual. Não apenas se vê derretimento semanal da projeção do PIB para 2020, como algumas instituições financeiras começam a projetar crescimento abaixo de 1% ou até mesmo estagnação para este ano. Enquanto em 2019 fomos afetados de forma negativa pela crise argentina, guerra comercial EUA-China e o incidente de Brumadinho, este ano o mercado internacional continuará não ajudando, e a baixa possibilidade de novas reformas estruturais trazem pessimismo. Mais uma vez o desafio é o investimento, dado que o consumo das famílias (2/3 do PIB) ainda é prejudicado pelo desemprego. Detalhe, a formação bruta de capital fixo cresceu menos em 2019 (+2,2%) que em 2018 (+3,9%), e é ela que indica o quanto foi investido na economia.

Afastando a discussão do que é responsabilidade da esfera privada ou pública do nosso ritmo de avanço econômico, o que interessa é que o país desacelerou em 2019 e parece ter significativas chances de se manter na “maldição do baixo crescimento” em 2020. É a velha retórica de pragmatismo e cautela retornando. As boas notícias virão de inflação ainda mais baixa, garantindo juros também caindo. Fora isso, é observar dia a dia os resultados práticos nessa conjuntura volátil e demasiada incerta, tanto dentro do Brasil quanto fora dele, por mais que ambas as esferas cheguem a nossa rotina.

Nossas projeções para 2020 ficam:

  • PIB: +1,8%
  • IPCA/IBGE: 3,3%
  • SELIC: 3,75%
  • Taxa de Câmbio: 4,30
  • Balança comercial: + US$ 35 bi
  • Vendas do varejo: +4,0%
  • Volume dos serviços: +1,5%

Por Jaime Vasconcellos, economista.

Espaço Publicitário