Por Mário Soma, CEO e Head B2B da Pólvora Comunicação.
O fascínio pelo novo ou a segurança do conhecido? A gente tem essa dúvida o tempo todo. No marketing B2B, muitas vezes rotulamos o “novo” como a próxima grande verdade. Mas será que ele realmente é tão inovador quanto parece? Você já parou para pensar se está buscando algo realmente novo ou apenas uma releitura bem embalada do que já conhece?
A verdade é que nosso cérebro adora estabilidade e previsibilidade. Estudos mostram que ambientes previsíveis reduzem os níveis de cortisol (hormônio do estresse) e aumentam a sensação de bem-estar. Segundo uma pesquisa da Universidade de Cambridge (Reino Unido), a familiaridade de padrões previsíveis no ambiente de trabalho pode melhorar em até 27% a produtividade.
No entanto, vivemos tempos em que a busca pelo “diferente” frequentemente suplanta o discernimento. E, como resultado, tendências já estabelecidas há anos ressurgem sob novos nomes, cativando o mercado como se fossem revoluções inéditas.
Cito alguns exemplos práticos no marketing digital B2B:
- Marketing de Influência – Ele é tratado como uma inovação digital de última geração. Mas, nos anos 40, Edward Bernays (o pai das Relações Públicas) já demonstrava o poder de influenciadores ao conectar marcas com celebridades para gerar impacto.
- Experiência do Cliente (CX) – Apesar de ser um termo “quente”, o conceito de “colocar o cliente no centro” está nos manuais de marketing desde Philip Kotler, na década de 1960.
- Comunidades Online – Tratadas como o futuro das interações B2B e B2C, as comunidades online não passam de uma evolução dos fóruns e dos primeiros grupos da internet nos anos 1990.
Então, por que caímos nesse ciclo? Porque o novo, ou a ideia de novidade, ativa no cérebro o sistema de recompensa, liberando dopamina. Por isso, somos atraídos a levantar essas bandeiras de “verdade absoluta”. Como bem disse o futurista Seth Godin: “As ideias antigas podem ter valor novo quando aplicadas a um contexto novo.”
Outro insight vem de Simon Sinek, que afirma: “As pessoas não compram o que você faz, elas compram o porquê você faz.” Isso nos leva de volta ao que realmente importa: propósito e impacto, ao invés de rótulos.
Em meio a tanta “novidade”, o que nos diferencia é o discernimento. Devemos parar, refletir e perguntar: isso realmente funciona ou apenas fascina porque parece diferente?
Se você está no marketing digital B2B ou em qualquer outro setor, invista em observar tendências com um olhar crítico e pergunte-se: “O que é de fato novo aqui?” Pode ser que você descubra que não precisa de mais novidades, mas sim de mais clareza e intenção no que já funciona.
E você? Busca algo novo ou algo que funciona?