Por Jaime Vasconcellos, economista.
Em compasso de espera. É assim que todos estamos em relação aos anúncios de cortes de gastos do Governo Federal. E, sem dúvidas, este é o balizador que norteará para este final de ano e, principalmente, para 2025 os rumos de câmbio, inflação e juros no país. Sabendo que isso tudo causa impactos na economia real, seja avaliando os setores e/ou os seus agentes econômicos.
Fala-se em um corte de cerca de R$40 bilhões. Outros alertam que teremos um corte de R$70 bilhões, mas dividido entre 2025 e 2026. Em ambos os casos, o custo político existirá ao Executivo (e seus Ministérios escolhidos para a tesoura), bem como os impactos à população que estão longe de não serem sentidos. Todavia, o mercado pouco confiante no nível de compromisso do atual Governo em uma austeridade mais séria quanto ao seu tamanho, mantém-se alerta e receoso. Tanto que os movimentos do câmbio e do mercado financeiro demonstram tal inquietação que, aliada às incertezas com a definição da eleição americana e conflitos na Europa, Oriente Médio e possivelmente entre China e Taiwan, garantem a estes últimos 45 dias de 2024 bastante ansiedade e oscilação.
Internamente, a necessidade de controle maior dos gastos públicos é para evitar um famoso processo de “dominância fiscal”, termo cunhado pelos especialistas da área econômica para descrever, em resumo, que o excesso de gastos públicos (política fiscal) retira (ou domina) a eficácia da política monetária (juros – quantidade de moeda) no controle da inflação. É o velho cabo de guerra entre o Banco Central elevando juros para conter preços, que permanecem em alta, e as políticas fiscais expansionistas e que fortalecem a demanda. O resultado disso é o aumento do custo do crédito para pessoas e empresas e a redução do crescimento da economia. Tudo isso, sem eficácia para baixar a inflação e melhorar as contas públicas. É o pior dos mundos, inclusive (e principalmente) para nós do setor produtivo, como o empresariado representado pelo Sincomavi que, além de não desejar juros altos, almeja minimamente uma estabilidade de preços na economia.
Neste momento, estamos no aguardo do tamanho do corte que será anunciado pelo Governo, neste esforço de concatenar enfim as políticas fiscais e monetária, para que possamos sem maiores custos à sociedade (para além do que já sentidos nessa batalha entre governo e Banco Central dos últimos meses) compreender se em 2025 viveremos somente um ano com um pouco mais de desafios do que os já sentidos em 2024, ou se deveremos nos preparar com uma maior resiliência.
Seguem abaixo as nossas projeções aos principais indicadores macroeconômicos ainda para 2024:
- PIB: 3,2%
- IPCA: 4,60%
- SELIC: 11,75% a.a.
- Taxa de Câmbio: 5,55
- Balança comercial: + US$ 80 bi
- Taxa de desemprego ao fim do ano (PNAD): 6,7%
- Volume de vendas do comércio ampliado BR (12 meses): +4,0%
- Volume de serviços BR (12 meses): +2,8%