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Por Jaime Vasconcellos, economista.

Ultimamente os debates sobre a economia acabaram por se restringir a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BCB) em paralisar a trajetória de queda da taxa básica de juros, ao manter a Selic em 10,50% ao ano. De um lado, há aqueles que defendem que havia espaço para mais retrações, dada a inflação por volta de 4% e pelo impacto dos juros elevados na atividade econômica. De outro, há aqueles que consideram a decisão correta do BCB, frente a uma inflação de serviços que incomoda, em um cenário internacional de ainda juros altos em países centrais e, principalmente, em função do pouco compromisso com o equilíbrio fiscal doméstico, que tende a atingir em algum momento os níveis de preços da economia.

Ambas as opiniões são justificáveis. O que nos parece é que, a despeito de compreender os impactos dos juros altos em nosso ritmo de crescimento econômico, a decisão do Banco Central foi inevitável. Ainda mais em um cenário onde a economia brasileira no curto prazo está acima das projeções iniciais para 2024, o que garantiu certo “conforto” ao Copom de compreender que o cuidado com a inflação é a prioridade.

Na verdade, o Banco Central, por natureza, é e tem de ser conservador. No cenário atual no qual as políticas fiscais estão mais do que frouxas, e não nos parece que isso mudará, praticamente entrega-se de bandeja a necessidade para o exercício de tal conservadorismo e manutenção dos juros altos no país. E mesmo que se queira demonizar a política monetária vigente, ao Executivo é mais fácil apontar o dedo ao BCB que colocar a mão na consciência de que é o risco fiscal que potencializa as instabilidades internas. 

Ninguém do setor produtivo gosta de juro alto, principalmente o comércio, a quem o Sincomavi representa. Sabemos que o crédito caro impacta negativamente o bolso do cliente e encarece a própria operação. Todavia, a inflação descontrolada tem efeito se não igual, pior no bolso dos consumidores e no caixa do próprio negócio.
Em troca da gana por melhorar as contas públicas apenas pelo lado de suas receitas (arrecadação), o que impõe responsabilidades apenas à esfera privada, necessário é uma revisão do tamanho do Estado e de seus gastos, pois nem do imenso tamanho que é, está próximo de nos garantir eficiência em serviços. Em suma, entre quem têm mais razão, ou aqueles que defendem mais cortes ou os que entendem que houve correta parcimônia do Banco Central, saem perdendo quem consome e produz, pois continuaremos a conviver tanto com juros elevados, quanto com governos com pouca responsabilidade com os seus próprios gastos.  

Seguem abaixo as nossas projeções aos principais indicadores macroeconômicos para o fim de 2024:

  • PIB: 2,2%
  • IPCA: 4,00%
  • SELIC: 10,50% a.a.
  • Taxa de Câmbio: 5,15
  • Balança comercial: + US$ 80 bi
  • Taxa de desemprego ao fim do ano (PNAD): 7,8%
  • Volume de vendas do comércio ampliado BR (12 meses): +2,5%
  • Volume de serviços BR (12 meses): +2,0%

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