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Por Jaime Vasconcellos, economista.

O ano se inicia em compasso de espera. No ambiente econômico poucas foram as mudanças de cenários ou as projeções dos riscos e oportunidades do país. Com mais otimismo ou menos otimismo, está cada vez mais evidente que os meses de juros mais elevados causarão um crescimento mais tímido do PIB em 2024. Também por essa política monetária que inflação não tem sido uma preocupação para o período. 

Esta dualidade, quando se observa forças puxando para cima e forças puxando para baixo, também pode ser vista em outros indicadores. Um dos mais relevantes para explicar o bom desempenho econômico pós-pandemia é o mercado de trabalho. Tanto o Caged, que avalia o emprego celetista, quanto a PNAD/IBGE, que abarca de forma geral as ocupações, devem mostrar cenário favorável em 2024, salvo períodos sazonais. Porém, já não se espera ritmo forte de geração de emprego com carteira assinada, bem como reduções mais firmes da taxa de desocupação no país – que inclusive se eleva normalmente até março e depois retrocede.

Já setorialmente, vê-se que o comércio nacional (em média) praticamente andou de lado em 2023, com segmentos performando de formas muito distintas uns dos outros. Em 2024 os desafios se manterão, em especial no primeiro semestre, com alguma estabilidade em especial nos ramos de mercadorias essenciais, como gêneros alimentícios e produtos farmacêuticos. Já o boom do setor de serviços deve manter o atual ritmo de perda de força, algo esperado e por possuirmos bases fortes de comparação a anos anteriores. Ainda assim, devemos ter um setor resiliente no ano que se inicia. 

Quando pensamos no Brasil em relação ao mundo, também há forças antagônicas a se considerar. A possibilidade de redução de juros nas principais economias deve ajudar a nos manter como um o local atrativo para o investimento estrangeiro. Por outro lado, conflitos na Europa e Oriente Médio trazem preocupações geopolíticas e relacionadas aos possíveis impactos em fluxos de comércio. Sem contar o arrefecimento chinês, que traz certa apreensão a um ritmo mais forte de exportações brasileiras. Por outro lado, se isso fortalecer uma maior oferta doméstica, preços internos podem ser menos pressionados.

De toda forma, conforme visto acima, iniciamos 2024 em compasso de espera e avaliando pontos negativos e positivos que a economia brasileira deve vivenciar. Há desafios imensos a serem transpostos, como a regulamentação da reforma tributária, o descompasso das contas públicas e retomada de debates como a reforma do Estado. Por outro lado, vivenciamos um período de certa estabilidade conjuntural, que deve, se não garantir um ano muito acima das expectativas, ao menos distantes de quaisquer calamidades.

Isto posto, seguem abaixo as nossas projeções aos principais indicadores macroeconômicos nacionais para o fim de 2024:

  • PIB: +1,6%
  • IPCA: +4%
  • SELIC: 9,00% a.a.
  • Taxa de Câmbio: 5,00
  • Balança comercial: + US$ 65 bi
  • Vendas do comércio ampliado BR (12 meses): +1,3%
  • Volume dos serviços BR (12 meses): +2,0%

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