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Jaime Vasconcellos, economista.

O cenário macroeconômico das últimas semanas foi marcado pela redução do otimismo com o desempenho da economia brasileira em 2023. Os dados atualizados do Boletim Focus, por exemplo, mostram que os respondentes de mercado da pesquisa do Banco Central já esperam que o PIB nacional não atinja um avanço de 3% ao ano, mostrando tímido retrocesso aos +2,85% na estimativa realizada agora na terceira semana de novembro.

Esse arrefecimento do cenário se dá pela desaceleração mais firme do terceiro trimestre principalmente do setor de serviços, o mais importante da economia e um dos motores do otimismo com os números gerais de 2023. Para se ter uma ideia, a Pesquisa Mensal de Serviços, do IBGE, mostrou que, em agosto, o volume de serviços no país recuou 1,3% em relação a julho e outros 0,3%, em setembro, tendo como referência o mês anterior. Inclusive nos dados de setembro contra setembro de 2022 já houve decréscimo de 1,2%. 

Outro indicador econômico que reflete esse cenário de dificuldades da economia brasileira é o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), considerado uma prévia do PIB. Segundo tal índice, no terceiro trimestre de 2023 a atividade econômica do país recuou 0,64% em relação ao segundo trimestre, desempenho aquém das expectativas de mercado, que até esperava alguma desaceleração, mas não em tal magnitude.

Em suma, o que se vê é que os carros-chefes do avanço de 3,7% do PIB no primeiro semestre de 2023, agropecuária e setor de serviços, terão impacto positivo bastante restrito nesta segunda metade do ano. Já nos seis meses finais, se vê desaceleração firme dos indicadores, mostrando que possivelmente teremos um PIB mais próximo de crescer 2,5% do que os 3,0%, que eram anteriormente projetados. 

Para 2024, até influenciado por um final de ano devagar, se espera metade do avanço do atual ano, ainda que em um cenário de inflação bem controlada e juros em menores patamares. Na verdade, a grande questão debatida para o ano que vem se dá pelo lado do equilíbrio (ou falta dele) das contas públicas. O debate recente da mudança da meta do déficit zero, que não será atingido, traz preocupações sobre a saúde fiscal brasileira e o quanto o seu descompasso pode causar cenários inflacionários e, com isso, redução mais tímida da própria taxa de juros no país. Taxa esta que é responsável por parte do arrefecimento econômico atual, a despeito da sua essencialidade para que pudéssemos trazer os índices inflacionários para um terço do patamar visualizado no primeiro semestre de 2022. 

Aguardemos os próximos capítulos para saber se o otimismo com 2023 foi realmente além do possível, bem como se os riscos para 2024 são justificados ou não. De toda forma, o sinal amarelo está ligado. Com isso, seguem abaixo as nossas projeções para os principais indicadores macroeconômicos nacionais ainda para este ano:

  • PIB: +2,75%
  • IPCA: +4,5%
  • SELIC: 11,75% a.a.
  • Taxa de Câmbio: 5,00
  • Balança comercial: + US$ 75 bi
  • Vendas do comércio ampliado BR: +3,0%
  • Volume dos serviços BR: +2,0%

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