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Jaime Vasconcellos, economista.

Bastou a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre ocorrer que mudanças relevantes e positivas começaram a surgir nas análises e expectativas da economia brasileira para 2023. Isto porque o indicador avançou 4% sobre o mesmo período do ano passado, resultado superior às estimativas iniciais, e puxou para cima as previsões de como deve ser o nosso ano.

Para chegarmos a este percentual, deve-se ressaltar a grande influência do crescimento de 18,8% no PIB agrícola nos primeiros três meses do ano, contra o mesmo trimestre do ano anterior, mas ainda assim, o que se viu foi também um consistente dado do setor de serviços (+2,9%), e abaixo um pouco ficou a indústria (+1,9%). É importante citar que o comércio (+1,6%) está dentro deste grande setor de serviços citado.

O PIB do primeiro trimestre, acima do esperado, só corroborou com a tendência que o Boletim Focus do Banco Central já vinha apontando. Ou seja, que a economia brasileira cresceria mais que o esperado em 2023. Em janeiro as expectativas do mercado mostravam uma elevação do PIB em torno do +0,7%. Essa projeção foi crescendo no decorrer dos meses e ficou próxima dos +1,5%. Já neste último dia 19, abre-se a estimativa de ocorrer um crescimento superior a 2% no atual ano. Em outras palavras, estamos mais próximos de repetir o bom avanço do PIB de 2022 do que andarmos de lado, como inicialmente se esperava.

Os cenários que ajudam a explicar esse desempenho além das expectativas são: os excelentes números do agronegócio, o mercado de trabalho resiliente (foram mais de 700 mil empregos gerados apenas no primeiro quadrimestre do ano), a taxa de câmbio comportada e a demanda das famílias, que manteve algum ritmo de aquecimento, com o avanço de programas sociais e com uma inflação menos aguda.

Todavia, nem tudo são flores. Pela ótica da oferta chama atenção o desempenho fraco da indústria e do comércio, revelando que o direcionamento de renda das famílias tem sido para o setor de serviços, base do avanço econômico pós reabertura das atividades com o fim da pandemia. E, novamente, nos vemos dependentes do setor externo, que puxa para cima os números do agronegócio.

E onde se localizam nossas preocupações? Primeiro, a agricultura tem tamanho limitado no total do PIB brasileiro. Segundo, os elevados índices de endividamento e inadimplência familiar uma hora impactarão no consumo das famílias, inclusive atingindo os gastos com serviços. Por último, cabe dizer que pela ótica da demanda os investimentos caíram 3,4% em comparação com o último trimestre de 2022. Isso preocupa porque o investimento é o motor para o crescimento sustentável de qualquer economia.

Por fim, é preciso ressaltar que o fenômeno observado é 2023 “roubando” um pouquinho do crescimento de 2024. Se não nos concentrarmos em aprovar reformas, manter o ambiente de negócios mais dinâmico e desburocratizado e o governo ao menos fazer a sua lição de casa, em manter algum equilíbrio fiscal, novamente as boas notícias econômicas terão um curto prazo de validade.

Isso posto, seguem atualizadas as nossas projeções macroeconômicas para 2023:

PIB: +2%                                                         

IPCA: +5,2%                                                        

SELIC: 12,5% a.a.

Taxa de Câmbio: 5,00

Balança comercial: + US$ 65 bi

Vendas do comércio BR: +1,2%

Volume dos serviços BR: +2,7%


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