Levantamento realizado a partir dos dados do Índice Nacional da Construção Civil (INCC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o custo médio do m² do projeto de construção civil no Estado de São Paulo contou, ano passado, com uma elevação de 10,95%, atingindo em dezembro a marca de R$1.784,75. Esse patamar é exatamente R$176,33 superior ao custo avaliado no mesmo mês de 2021. Cabe ressaltar também que, do total do custo médio, 55,7% são referentes ao gasto com materiais de construção e 44,3%, com a mão de obra. Em 2022 esses custos aumentaram respectivamente 8,83% (ou R$80,64) e 13,75% (ou R$95,69).
O economista Jaime Vasconcellos destaca que o avanço de 10,95% em 2022 é o segundo maior crescimento anual do indicador paulista desde 2012, quando se inicia a série histórica em âmbito estadual. “Em 2021 foi atingido o pico de 18,32% no custo médio do m² da construção civil. Em dezembro daquele ano o valor total chegou a R$ 1.608,42 por m² contra R$ 1.359,35 de dezembro de 2020”.
Para Jaime, os números do ano passado por um lado podem trazer a tímida comemoração de significativa queda em relação à taxa obtida no ano anterior, mas tal quadro pode ser ilusório, pois os preços não caíram, apenas subiram menos e em patamar bastante relevante. “O preço da mão de obra avançou percentualmente mais que o custo com materiais de construção”, afirma. A demanda ainda aquecida e a pouca oferta de mão de obra, ainda mais a qualificada, puxou para cima esse custo. “Adicionalmente também há o efeito dos reajustes salariais do setor, que seguem o INPC em sua predominância”, ressalta Jaime. “O indicador também ficou acima de dois dígitos na sua taxa de doze meses em alguns períodos de 2022”. Já o material de construção avançou principalmente no primeiro semestre, sobretudo em razão do avanço do preço mundial de várias commodities, pelo preço mais salgado de combustíveis, que elevou os custos com transporte, além do efeito de demanda ainda aquecida, mesmo que abaixo de 2021.
Ele destaca ainda que o INCC paulista fechou 2022 em nível bastante superior, praticamente o dobro, ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no Brasil (5,79%) e bastante acima do paulista (6,61%). “O IPCA é o índice oficial da inflação brasileira e é formado por uma gama imensa de produtos e serviços”, explica Jaime. “A tendência do IPCA para 2023 é se acomodar mais próximo dos 5%, o que deve acontecer também com os indicadores relacionados à construção civil, logicamente se não ocorrer nenhuma surpresa adicional interna ou externa”.
