Mais do que um evento, o Simpósio Sincomavi sempre foi uma oportunidade para que comerciantes, fornecedores e pesquisadores do varejo pudessem estreitar relacionamentos, debater e trocar informações sobre o setor e suas tendências. Com o advento da pandemia da Covid-19, esse momento tão especial teve ser interrompido durante dois anos. De maneira muito natural, a 16ª edição do Simpósio acabou sendo marcada pela alegria do reencontro, bem como pelo alto nível de suas apresentações.
A presença de público foi considerada positiva, 155 participantes, pois muitas pessoas ainda se mostraram receosas em relação aos eventos presenciais.
A abertura foi conduzida por Reinaldo Pedro Correa, presidente do Sincomavi, que alertou os comerciantes sobre a necessidade de adequação das lojas à Política Nacional de Resíduos Sólidos. A expectativa é que a fiscalização aumente nos próximos meses em função da intensificação das ações do Procon Ambiental e a entrada em funcionamento dos trabalhos da Polícia Civil Metropolitana de São Paulo. Ele lembrou ainda os acordos setoriais e termos de responsabilidade firmados pela entidade, como o assinado com a Prolata para latas de tinta de aço, e a campanha “Pintou, Sobrou, Levou”.
A primeira palestra ficou a cargo do professor e consultor Adriano Sá, com o tema “A centricidade do Consumidor”. Em sua apresentação, ele repassou a importância de pontos básicos no contato e atendimento dos clientes e exemplificou como a oferta de soluções ao público pode ser simples com uma experiência pessoal: a compra com urgência de material de pintura para a própria residência. No caso, um pequeno estabelecimento de bairro conseguiu responder por todas as necessidades de compra por meio do WhatsApp, combinando a entrega da mercadoria com o pintor e facilitando a entrada do pagamento com o PIX para posterior parcelamento do saldo com cartão de crédito. Em outras palavras, uma experiência de compra positiva não passa necessiariamente por grandes plataformas de compra ou investimentos maciços. É preciso apenas boa-vontade, interesse e saber se valer da tecnologia de forma adequada para se atingir seus objetivos.
O economista Jaime Vasconcelos fez uma análise do varejo de material de construção desde o início da pandemia no painel “Indicadores e Tendências” e revelou, apesar de todos os contratempos, estar otimista em relação a 2022. Em sua opinião, a questão entre Ucrânia e Rússia deve ser solicionada em pouco tempo e a manutenção nos níveis de concessão de crédito e na quantidade de lançamentos de imóveis permite criar expectativas positivas para o setor.
Logo em seguida, o professor Olegário Araújo, da FGVcev – Centro de Excelência do Varejo, trouxe um conteúdo bastante rico para o painel “O varejo de construção do Século XXI: do ponto de distribuição para o ponto de solução”. O fio condutor da apresentação foi a aplicação da tecnologia no varejo e a alteração no perfil dos consumidores – valores e necessidades. Para ilustrar a mudança profunda pela qual passaram consumidores de todas as idades, ele comentou o caso de uma rede de farmácias com pontos de venda em todo o Brasil. Uma das etapas da consultoria prestada foi a realização de entrevistas com clientes. A surpresa ficou para o senhor Raimundo Nonato, que reside nas imediações de Manuas (AM), distância de três horas de ônibus, que dá preferência pelo YouTube na hora de obter informações e entretenimento.
Por fim, Renato Sá, CEO da Aliar Group (Tintas MC – Distribuidora Premium), comentou em sua palestra as transformações impostas pelo mundo digital ao varejo e como essa experiência tem sido adaptada no ponto de venda com sucesso. Sai de cena a loja que simplesmente expõe sua linha de produtos e entra aquela capaz de atingir emocionalmente o consumidor, proporcionando uma nova maneira de abordagem e a oferta de benefícios que não se limitam a preço.