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Por Jaime Vasconcellos, economista.

A sensação de que não existe uma “folga” em 2022 parece cada vez mais se concretizar. Não bastasse enfrentarmos no primeiro bimestre uma nova variante da Covid-19, um surto de gripe, vivenciarmos uma conjuntura econômica desafiadora e um quadro de incertezas pelo período eleitoral do segundo semestre, ocorre uma invasão russa na Ucrânia, que além de vidas perdidas e caos social e humanitário àquela região, causará impactos relevantes a economia de todo o mundo.

Em linhas gerais, se sabe que o impacto mais proeminente à economia brasileira será o inflacionário. E olha que já estamos vindo de um ano com inflação acima de dois dígitos de 2021. Menor oferta de milho e trigo, impactos no comércio mundial de fertilizantes e petróleo e o estrangulamento de cadeias produtivas ucranianas e russas (esta devido a sanções) causarão um efeito mundial de avanço de preços. E estes são insumos básicos, matérias-primas que compõem cadeias de transformação acima do relevante, como químicas, plásticas, de combustíveis, alimentação, fertilizantes, adubos, entre outras.

O resultado de inflação em alta é orçamento familiar mais apertado, dado que o poder de compra deverá ficar ainda mais minado. E num país onde a parte significativa da riqueza provém do consumo das famílias, estamos falando de menor crescimento para 2022 (ou nenhum). Em outras palavras, a dinâmica econômica arrefecida, que já era esperada para o ano, cada vez se consolida mais.

Ao empresário, há uma necessidade de cautela com o reequilíbrio estimado para 2022. Os efeitos da guerra na Ucrânia chegarão por meio de preços e em dificuldade de reposição de mercadorias (oferta). Fora isso, teremos um consumidor com poder de compra avariado (demanda mais fraca) pela inflação e com menor acesso a crédito, devido ao avanço dos juros.

Este é um cenário um tanto quanto pessimista, mas provável, que traz a necessidade de pragmatismo nas negociações com fornecedores, na busca por equilíbrio de estoques e precificação das mercadorias finais. Se já esperávamos um ano de incertezas, está claro que teremos dificuldades além do previsto e que nos afetarão em breve.

Seguem nossas projeções macroeconômicas para o ano de 2022:

PIB: +0,5%                                                     

IPCA: 5,5%                                                    

SELIC: 12,25%             

Taxa de Câmbio: 5,50

Balança comercial: + US$ 60 bi

Vendas do varejo: +0,5%

Volume dos serviços: +1,5%

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