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As dificuldades enfrentadas pelos comércios de material de construção vêm superando com facilidade as projeções mais pessimistas. Apesar do setor ter conseguido retomar as vendas durante a quarentena da Covid-19, em função de ser considerado setor essencial para a economia, as empresas enfrentam desde o começo do ano aumentos sucessivos nos preços dos produtos comercializados. Tal realidade acabou por ganhar novo impulso nos últimos dias, o que causa indignação dos consumidores e motiva fiscalização por parte da Fundação Procon-SP.

A majoração de algumas categorias de produtos tem superado com sobras a inflação oficial. Dentre os casos, destaca-se o cimento Portland, que de fevereiro a julho de 2020 teve uma elevação de preço de 24%. Segundo Claudio Araújo de Lima, diretor do Sincomavi, o crescimento nas vendas para o mesmo período foi inferior a 5%, o que não justificaria esse nível de aumento. “Outros exemplos emblemáticos são os tubos e conexões em PVC, com elevação variando entre 25% e 33%, aço para construção, com 20% de aumento, e tijolos cerâmicos com 15% e o agravante da falta de produção para atender a demanda”, ressalta.

Essa onda de aumentos também atingiu os materiais elétricos, como fios e cabos, e tubos e conexões em bronze e cobre. No entanto, Claudio faz questão de explicar que existe uma motivação para tais reajustes: a jazida de cobre no Chile, principal produtor mundial, está com suas operações paralisadas. “Não quero acusar ninguém, mas vejo com muita estranheza esses aumentos, pois dá a falsa impressão que está ocorrendo um crescimento espantoso nas vendas no setor, o que não é verdade”, pondera. “Os números parciais mostram apenas que existe uma retomada de mercado em patamares muito similares aos obtidos em 2019, que foi considerado um ano fraco”.

Como consequência de tal cenário, muitos consumidores atribuem o papel de vilões aos comerciantes, o que não poderia ser mais injusto. É preciso ressaltar que o varejo acabou por se tornar refém da falta de planejamento de alguns fornecedores para o enfrentamento adequado da pandemia da Covid-19, que adotaram como estratégia a paralização total das atividades e a dispensa de mão de obra especializada. Hoje, tais atitudes cobram o seu preço. Além disso, o varejo se ressente da baixa competitividade de alguns segmentos, que beiram ao monopólio, maiores exigências e garantias para a concessão de crédito na compra de produtos e baixo investimento em ampliação ou melhoria nas plantas industriais.

Essa realidade de mercado tem se mostrado ainda mais dura com as empresas de micro e pequeno portes, que não possuem capital de giro, estão distantes dos recursos oficiais emergenciais e não conseguem negociar melhores condições com os fornecedores. “Além dos problemas decorrentes da pandemia, é preciso ainda enfrentar de peito aberto a falta de produtos para vender e a pecha de vilão frente ao mercado. A realidade, como sempre, tem sido muito dura com os microempresários”, finaliza.


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