Com o lançamento do recurso Instant Checkout pelo ChatGPT, da OpenAI, uma nova frente surge no horizonte dos comerciantes. A funcionalidade, em fase inicial nos Estados Unidos, permite que consumidores realizem compras dentro do próprio chat, sem serem redirecionados a sites ou aplicativos externos. Tal movimento abre uma nova era na integração entre tecnologia, consumo e finanças digitais. “O ChatGPT passa a ser mais do que um assistente”, ressalta Luis Molla Veloso, especialista em embedded finance. “Ele se torna um agente econômico, capaz de intermediar consumo, pagamento e dados dentro de uma experiência única”. O sistema utiliza o Agentic Commerce Protocol (ACP), desenvolvido em parceria com a Stripe, responsável pelo processamento instantâneo e seguro das transações. A ferramenta está inicialmente integrada às lojas da Etsy e, em breve, à Shopify.
De acordo com a Bain & Company, o mercado global de embedded finance deve ultrapassar US$ 7,2 trilhões até 2030, impulsionado pela conexão entre meios de pagamento e plataformas digitais. No Brasil, o ambiente regulatório e tecnológico, com o Pix, o Open Finance e o crescimento das fintechs, cria condições favoráveis para que soluções semelhantes se consolidem. “O ecossistema brasileiro é um dos mais abertos do mundo. Temos infraestrutura para embarcar nessa transformação com segurança e inovação”, avalia Luis.
A novidade da OpenAI também reflete uma tendência mais ampla no varejo: a fusão entre comunicação e comércio. Como explica Eduarda Camargo, executiva da Portão 3, a próxima fase do e-commerce pode estar nos assistentes de IA. “O consumidor não vai apenas buscar respostas rápidas, mas resolver suas necessidades práticas em um único ambiente”, supõe. O formato reduz etapas, elimina fricções e torna a jornada de compra mais fluida — um caminho que deve ser seguido por grandes plataformas como Meta e TikTok.
Entretanto, o modelo também traz alguns desafios para sua implantação.. A integração entre recomendação e pagamento amplia o volume de dados sensíveis processados, levantando preocupações com privacidade, segurança e transparência algorítmica. Além disso, a automatização das decisões de compra pode diminuir a concorrência, favorecendo marcas com maior capacidade de integração tecnológica.
Alternativas
Para os comerciantes brasileiros, o novo cenário representa oportunidade e alerta. A possibilidade de transformar conversas em canais de venda diretos pode ser adaptada por meio de chatbots inteligentes, integrações com o WhatsApp Business, assistentes de voz e ferramentas de recomendação automatizada. Esses recursos permitem oferecer atendimento personalizado, acelerar o fechamento de vendas e reforçar a imagem de inovação das marcas. Além disso, experiências de compra mais fluidas podem fidelizar o consumidor e gerar novos pontos de contato digital, mesmo em segmentos tradicionais, como o de materiais de construção.
Para resumir a questão, o comércio conversacional desponta como fronteira tecnológica no varejo mundial. Embora ainda restrito a testes, o modelo indica um futuro em que a conversa e a compra se fundem em um único gesto digital, tendência que, inevitavelmente, chegará ao mercado brasileiro.
























