A trajetória de alta nos custos da construção prosseguiu em setembro, conforme dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGE IBRE). No período, o Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M) contou com uma variação positiva de 0,61%. Apesar da alta, o resultado ficou abaixo do verificado no mês anterior: 0,64%.
No acumulado dos últimos 12 meses, o indicador atingiu 5,23%. Para elucidar ainda mais o quadro apresentado, em setembro de 2023, a partir dos mesmos critérios, o índice acumulava 3,21%.
Enquanto o componente Materiais, Equipamentos e Serviços reduziu sua influência na composição da taxa, de 0,69% em agosto para 0,59% em setembro; a Mão de Obra passou de 0,57% em agosto para 0,64% em setembro.
Dentro da categoria Materiais e Equipamentos ocorreram as seguintes variações: Materiais para Estrutura, 0,79%; Materiais para Instalação, 0,49%; Materiais para Acabamento, 0,24%. Em relação aos itens da construção, os maiores aumentos detectados pelo estudo do FGV IBRE foram vergalhões e arames de aço ao carbono (1,61%), blocos de concreto (0,72%) e massa de concreto (0,67%). Já as principais baixas ficaram por conta de condutores elétricos (-1,14%), impermeabilizantes (-0,46%), portas e janelas de madeira (-0,28%), argamassa (-0,26%) e tela de proteção para fachada (-0,25%).
Queda na confiança
O FGV IBRE divulgou também o Índice de Confiança da Construção (ICST), que registrou um recuo em setembro de 0,4 ponto e alcançou 97,1 pontos. O resultado significou a interrupção de uma sequência positiva de quatro meses consecutivos. O indicador manteve, na média móvel trimestral, o bom desempenho ao variar 0,2 ponto.
Em seu comentário, Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV IBRE, explica que a confiança setorial não resistiu à mudança de direção da política monetária. “A alta na taxa de juros ocorrida em setembro e a perspectiva de novas elevações afetaram particularmente as expectativas dos empresários dos segmentos de Infraestrutura e de Edificações Residenciais, que ficaram mais pessimistas”, ressalta. E complementa: “no mercado imobiliário, o encarecimento do crédito não deve atingir o segmento econômico, que está relacionado ao Programa Minha Casa Minha Vida, mas pode ter impacto no mercado imobiliário de média renda, que também passa por um bom momento”.
Para Ana, as empresas que têm expectativas positivas para os próximos meses continuam a superar as pessimistas. “Do ponto de vista da atividade, o cenário de crescimento não mudou: refletindo o ciclo de negócios recente, a demanda por mão de obra se mantém forte e pressionando o mercado de trabalho”, finaliza.