Enquanto o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), medido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou uma queda de 1,5%, o Índice de Confiança da Indústria (ICI), do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), não sofreu nenhuma variação em agosto.
No caso do comércio, o indicador alcançou os 108,7 pontos, sofrendo a quarta queda consecutiva e a mais acentuada do período. Em sua análise, a CNC aponta como ponto mais crítico o recuo de 5% na confiança dos empresários em relação às condições atuais da economia. José Roberto Trados, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, atribui essa visão pessimista às indefinições quanto ao futuro da taxa Selic, à inflação e às contas públicas. “A economia brasileira enfrenta um cenário com algumas dúvidas no horizonte, com a questão fiscal e uma inflação que ainda preocupa, apesar dos ajustes recentes na taxa de juros”, avalia.
O Índice de Confiança da Indústria (ICI), por sua vez, se manteve em 101,7 pontos no período analisado, mas houve um aumento de 1,2 ponto na comparação das médias móveis trimestrais, o que representou a quarta alta consecutiva, para 100,6 pontos. O economista Stéfano Pacini, comenta que o resultado possui uma característica de compensação após um período de seguidas melhorias na demanda e redução dos estoques. “O empresário do setor segue com perspectivas positivas relacionadas ao ambiente de negócios para o fim do ano”, afirma. “No cenário macroeconômico, apesar do fim do ciclo de quedas na taxa de juros, os indicadores de trabalho e renda continuam positivos e contribuem com o otimismo espalhados entre os segmentos, porém acende um alerta para uma possível pressão de custos”.
O FGV IBRE também divulgou o resultado de agosto do Índice de Confiança do Comércio (ICOM). O indicador contou com uma queda de 1,8 ponto e alcançou os 89,1 pontos. A economista Geórgia Veloso comenta que, após o modesto crescimento observado em julho, a confiança do comércio voltou a cair, impulsionada pela deterioração das expectativas em relação aos próximos meses, que se dissemina nos seis principais segmentos do setor. “Apesar da redução do pessimismo nas avaliações sobre o volume de demanda atual, os empresários continuam cautelosos e não se mostram otimistas em relação à evolução das vendas futuras, mesmo diante da resiliência de um mercado de trabalho aquecido e da melhora na confiança dos consumidores”, explica. Em sua opinião, o setor, que iniciou 2024 com sinais de recuperação, enfrenta cenário incerto no segundo semestre: “o comportamento das taxas de juros e o risco inflacionário, que afetam diretamente o consumo, contribuem para essa incerteza”.