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Por Jaime Vasconcellos, economista.

Aos poucos tem sido mais visível em quais cenários se localiza a economia brasileira em 2023. Ainda é translúcido, mas chegando ao fim do primeiro trimestre do ano fica mais identificável os patamares que 2022 terminou e os desafios que continuarão a nos afligir no atual período.

A divulgação do PIB em 2022 mostrou dois lados distintos. O avanço de 2,9% foi muito superior às projeções feitas no início daquele ano. Todavia, o quarto trimestre mostrou uma relevante desaceleração, que ajuda a justificar o porquê no atual momento se projetar 2023 com crescimento econômico rondando apenas 1% no país. Enquanto 2022 foi “empurrado” pelo bom ritmo final do ano anterior, 2023 pouco se beneficiará da evolução do último trimeste de 2022.

Do ponto de vista dos desafios, não nos parece que eles mudaram. Os níveis de endividamento e inadimplência das famílias até arrefeceram, mas ainda estão em patamares elevados e devem ser um peso ao avanço do consumo, em especial daquele que depende de crédito. Esse por sinal, o crédito, é exatamente outro ponto de atenção. Com a Selic se mantendo em elevados níveis, devido a pouca confiança do Banco Central na responsabilidade fiscal do novo Governo e a uma inflação ainda persistente, o crédito continuará caro para a aquisição, seja para as empresas ou para as famílias.

Juros altos, inflação persistente, crédito caro e seletivo, elevado grau de endividamento e inadimplência familiar. Tudo isso freia a economia, que depende dois terços do consumo das famílias. Pelo outro lado, temos algum equilíbrio com a queda recente do desemprego, aliada a forte expansão dos postos de trabalho com carteira assinada dos últimos anos, mais as políticas de injeção de recursos (que cria “cabo de guerra” com a política monetária contracionista) via distribuição direta de renda. Estes últimos pontos ajudam a explicar o pouco crescimento previsto para 2023.

Tudo o citado aqui é uma fotografia. Estamos na dependência de medidas que possam auxiliar na retomada da confiança dos agentes e trazer mais força para o crescimento econômico ou, logicamente, piorar ainda mais o cenário de incertezas e aumentar a cautela em relação ao ano de 2023. O cumprimento desse imaginado “arcabouço fiscal” pelo Governo Federal abriria espaço para um maior otimismo quanto à saúde das contas públicas, bem como de uma possível reforma tributária, que não pode penalizar o setor de serviços, aumentar carga e impactar principalmente os hipossuficientes. Além disso, fica em discussão se teremos ou não uma revogação da modernização trabalhista de 2017, entre outros relevantes embates.

No lado externo, a crise bancária americana, que também já atinge a Europa, acende o sinal amarelo e traz dúvidas se o que está acontecendo é um problema pontual de uma ou outra instituição, ou se é uma crise sistêmica. Em suma, os desafios macroeconômicos estão mais claros, suas resoluções continuam complexas, ainda mais frente às incertezas políticas domésticas e ao atribulado cenário financeiro global.

A despeito de novas atualizações, que são cada vez mais ligeiras, seguem as nossas projeções macroeconômicas para 2023:

PIB: +1%                                             

IPCA: +6%                                            

SELIC: 13,75% a.a.

Taxa de Câmbio: 5,30

Balança comercial: + US$ 65 bi

Vendas do comércio BR: +0,5%

Volume dos serviços BR: +1%


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