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Jaime Vasconcellos, economista.

À beira do segundo turno da eleição nacional, e de alguns estados, como São Paulo, o que se observa no campo econômico é uma inalteração do cenário de curto prazo. Isto é, as projeções recentes de juros, câmbio e crescimento econômico não mudaram, o que por si só representa uma boa notícia, dado que se estima um Produto Interno Bruto (PIB) em 2022 com crescimento próximo dos 3%, juros não mais em ascensão e estabilização da taxa de câmbio.

Pelo campo dos preços, aí sim temos nova boa notícia. Nos referimos a terceira deflação seguida do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador que havia registrado quedas de 0,68% e 0,36%, novamente se viu em recuo, agora aos 0,29% em setembro. Neste sentido, chama atenção não somente a nova deflação do grupo de transportes (-1,98%), puxado pelos reajustes para baixo nos preços de combustíveis, mas também o resultado do importante grupo de alimentação e bebidas, que ainda que possua um avanço de 9,54% no ano, atingiu -0,51% em setembro.

Mesmo que as sucessivas quedas nos níveis gerais de preços pareçam estar com o seu ciclo chegando ao fim, elas foram importantes o bastante para não apenas projetarmos um IPCA de 2022 por volta de 5,5%, mas também em 2023 para estimarmos um índice abaixo dos 5%, possibilitando em meados do ano que vem um refresco a alta taxa Selic que fomos “obrigados” a atingir.

Já do ponto de vista setorial, aqui no estado de São Paulo o que vimos é o comércio amargando quedas mensais de volume de vendas (comparação com mesmos meses de 2021) desde maio, puxado pelos efeitos da inflação forte do primeiro semestre e elevados índices de endividamento e inadimplência familiar. Por outro lado, o setor de serviços avança com acréscimos acima de dois dígitos na maior parte do ano, também na comparação com 2021. Este setor tem sido beneficiado ainda pelo processo tardio de reabertura e possui base fraca de comparação, ao olharmos todas as restrições do ano passado, principalmente na segunda onda da pandemia. Neste sentido, bons números recentes principalmente aos serviços ligados ao turismo.

Em suma, vamos para o fim do pleito eleitoral vendo 2022 sendo melhor do que se esperava, com avanço da geração de riqueza do país, com queda do desemprego e maior controle inflacionário. Todavia, há cautela para 2023, principalmente no que tange a pouca importância dada ao ambiente fiscal, aos possíveis impactos de recessões e arrefecimentos econômicos em outras economias e aos próprios efeitos internos de nos mantermos (corretamente e para segurar inflação) com uma taxa básica de juros significativamente elevada.

Com isso, seguem as nossas projeções macroeconômicas para o encerramento do ano:

PIB: +3%                                                     

IPCA: 5,5%                                                    

SELIC: 13,75% a.a.

Taxa de Câmbio: 5,20

Balança comercial: + US$ 65 bi

Vendas do varejo BR: +0,7%

Volume dos serviços BR: +4%

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