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Por Jaime Vasconcellos, economista.

Está cada vez mais explicito que a grande preocupação macroeconômica para o segundo semestre é a inflação. Este fenômeno, incialmente previsto como pontual e puxado pelo reforço na demanda com a injeção dos bilhões do auxílio emergencial no segundo semestre de 2020, se mostrou permanente em 2021, acelerado e proveniente da oferta.

A má notícia não fica apenas nos pontos destacados acima. Quatro dos nove grandes grupos que compõem o IPCA, e que estão na taxa acumulada dos últimos doze meses finalizados em junho de 2021 acima do indicador geral, são de mercadorias essenciais e que contam com maior participação no orçamento da população de renda mais baixa. Enquanto o indicador geral está em 8,35%, o grupo de alimentação e bebidas possui avanço de 12,59%, o de habitação 8,72%, transportes 15,05% e artigos de residência 12,35%.

O índice médio acumulado do grupo de habitação não é tão distante do indicador geral, mas quando se aplica uma lupa para o subitem energia elétrica residencial, vê-se um avanço de 14,20% em doze meses. O preço médio da energia saltou a partir de maio de 2021 e nos próximos meses a projeção aos recursos de fornecimento de energia elétrica é no mínimo desafiadora, ou seja, o preço continuará avançando e com um cenário dependente do retorno à estação chuvosa.

A realidade perigosa desta inflação de produtos essenciais e custos (tarifas), além de impactar quem usa maior parte da renda para tais aquisições (aqueles com menor salário), gera impactos que ressoam por toda cadeia produtiva (setores) e atinge o consumidor final. Por isso já se espera um avanço da Selic para um patamar ao menos de 7% a.a. lá em dezembro.

Esta política monetária que deve findar o cenário de juro real negativo no país, e ao mesmo tempo quer garantir melhores das expectativas inflacionárias a partir de 2022, mostra o tamanho da preocupação do Banco Central com a inflação, pois ao aumentar juros eleva-se consigo o custo da rolagem da dívida pública brasileira e aos poucos também coloca-se freio na retomada da economia pós pandemia.

Ainda que nos pareça acertada a decisão de primeiro não descontrolar preços para além de 2021, teremos um segundo semestre cauteloso no que tange preços e juros.

Abaixo seguem nossas projeções macroeconômicas atualizadas para o fim do ano:

  • PIB: +5,5%
  • IPCA/IBGE: 6,75%
  • SELIC: 7,25%
  • Taxa de Câmbio: 5,15
  • Balança comercial: + US$ 65 bi
  • Vendas do varejo: +4,0%
  • Volume dos serviços: +5,0%

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