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Por Jaime Vasconcellos, economista.

04 de janeiro de 2021, o primeiro dia útil do ano. Nada mais relevante confeccionarmos hoje uma edição de nossa carta de conjuntura para tentarmos vislumbrar quais são as expectativas e os principais desafios macroeconômicos de nosso país neste ano que se inicia.

Uma primeira ponderação a ser feita é que quaisquer sentidos ou ritmos da dinâmica econômica em 2021 estão condicionados a superação da pandemia do novo coronavírus, ou pelo menos um horizonte deste processo. Nos parece óbvio que a retomada da normalidade econômica, independentemente de seu platô, se dará após o início do processo de vacinação de nossa população. E quanto mais ligeira for tal realidade, mais rápido poderemos nos concentrar nos desafios de ordem econômica que vivenciamos e veremos a seguir.

O maior desafio que a economia brasileira enfrenta se dá no campo fiscal. As medidas emergenciais para suporte aos impactos da crise trazida pela pandemia consumiram cerca de R$ 600 bilhões das contas públicas e elevarão nossa relação dívida/PIB acima dos 90%. E para 2021 já se espera um déficit primário de cerca de R$ 250 bilhões. Essa fragilização fiscal reduz a capacidade de investimento do Governo e põe em risco o teto de gastos, importante pilar de solvência das contas públicas, onde se garante que os gastos não cresçam acima da inflação.

Caso não haja redução do tamanho da máquina pública no ano que se inicia, por meio de privatizações, reformas estruturais (administrativa e tributária) e avaliação de relevantes PECs, teremos um horizonte de risco severo à sustentação econômica. Tais medidas são vitais ao nosso futuro ainda que nossa preocupação no presente seja a instabilidade e pouca clareza do atual Executivo Federal sobre suas prioridades e suas estratégicas de implantação.  O ano de 2021 se inicia com novas ondas do vírus, conjuntura econômica desafiadora sem a artificialidade de medidas emergenciais e pouca clareza das políticas econômicas.

Ressalta-se que os indicadores macroeconômicos estão condicionados aos cenários descritos acima e é importante ponderar que conjunturalmente ainda que tenhamos bom percentual de crescimento econômico em 2021, ele ocorre em maior parte pela baixa base comparativa de 2020. A despeito do sucesso das principais medidas emergenciais implantadas ano passado, viveremos agora sem elas, com desemprego e inflação crescentes e, por isso, curva de juros provavelmente em ascensão.

Ainda que tais tendências apontadas sejam já conhecidas, a retomada se dá no primeiro bloco de nossa carta, isto é, no equilíbrio fiscal. Ou melhor, na busca de um equilíbrio fiscal, com metas, objetivos e estratégias apresentadas e melhor explicadas. O sucesso do amparo econômico nos piores momentos da crise apenas se consolidará como sucesso ao enfrentamento total da pandemia se ele estiver aplicado a todo o processo, principalmente agora com a iminência da vacinação.

 O maior amparo socioeconômico a ser dado neste início de 2021 está na sinalização clara do respeito ao limite dos gastos públicos e na concentração de esforços para proteção da saúde populacional. Quanto mais rápido e eficientemente controlarmos a pandemia com a vacinação, mais rápida haverá uma trilha de recuperação econômica.

Com isso, seguem abaixo nossas projeções atualizadas para economia brasileira em 2021:

  • PIB: +3,0%                                   
  • IPCA/IBGE: +3,5%                                           
  • SELIC: 3,00%                              
  • Taxa de Câmbio: 5,00 
  • Balança comercial: + US$ 40 bi
  • Vendas do varejo: +2,0%
  • Volume dos serviços: +2,0%

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