18/08/2020 | Por Jaime Vasconcellos, economista.
A projeção de queda do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro na Carta de Conjuntura de julho se localizava abaixo dos -6,0%. O mercado amenizou tal expectativa para -5,5%, e este processo de melhor depuramento para cima na taxa de crescimento tem sido feito semana a semana. Há impacto mais que relevante do auxílio emergencial de R$600, que quase em sua totalidade é destinado ao consumo, bem como contenção da corrosão do mercado de trabalho formal com portentoso número de suspensão/redução de contratos de trabalho. Sem contar o próprio efeito do crédito e medidas anticíclicas que foram postas em prática durante os últimos meses.
Não se discute a eficácia dos benefícios emergenciais de transferência de recursos e que possibilitaram manter mais de 15 milhões de vínculos formais celetistas. A dúvida é a capacidade financeira (e de responsabilidade) que o Governo possui para permanecer ativa e artificialmente a demanda agregada de nossa economia. Nos parece que a despeito dos impactos mais severos da pandemia na Saúde e Economia, em 2020, o rescaldo da fragilização social e do próprio setor público ficará mais evidente de 2021 para frente. E se furar o teto de gastos, a tendência é um alongamento perigosíssimo da situação fiscal perante anos futuros.
Tais ponderações nos fazem ter a sensação de um ritmo de retomada da economia melhor do que o esperado. Entretanto, é bom ressaltar que esse movimento está calcado em um recurso limitado, vindo de fonte externa ao mercado e com capacidade de correlacionar inversamente sua quantidade ou tempo de duração a uma crise econômica proveniente da fragilização completa das contas públicas, inclusive de entes estaduais e municipais.
Dado tal cenário, é imperioso tratar de uma reforma do Estado. Diminuir seu tamanho para que ele seja financiável. As fontes de financiamento do mesmo serão avariadas por longos anos. A reforma administrativa, o respeito ao teto de gastos e o processo de privatizações são fundamentais para se atingir melhor equilíbrio fiscal pelo lado dos “Custos”. Se a saída for pelo lado da “Receita”, adicionando as atuais propostas de Reforma Tributária apresentadas à sociedade, sem dúvida, o perdedor será o contribuinte, Pessoa Física e Pessoa Jurídica.
Seguem abaixo nossas projeções atualizadas para 2020, bem como sua volatilidade em relação à expectativa do mês anterior:
- PIB: -5,5% (↑)
- IPCA/IBGE: +1,7% (↓)
- SELIC: 2,00% (↔)
- Taxa de Câmbio: 5,20 (↔)
- Balança comercial: + US$ 50 bi (↔)
- Vendas do varejo: -6,0% (↓)
- Volume dos serviços: -5,0% (↓)