Na edição anterior de nossa carta de conjuntura mensal destacamos as premissas que tornam mais positivas as projeções de importantes indicadores macroeconômicos de 2020. Abaixo, pela primeira vez, na carta de conjuntura de novembro, deixamos explícitos não apenas as expectativas fechadas para tais indicadores em 2019, todavia também para o ano que vem.
São duas as tendências que podemos destacar. A primeira é de estabilidade. A inflação se mantendo em níveis diminutos nos garante possibilidade de manutenção da taxa básica de juros em patamares recordes de baixa. A despeito de uma taxa de câmbio bastante depreciada, não se espera grandes movimentos, dado que há tendência de juros em queda nos EUA, a despeito da incerteza trazida pela má relação política-comercial dos governos americano e chinês. Tais forças opostas deverão estabilizar o dólar, garantindo menos impacto a nossa inflação interna, bem como o resultado da balança comercial brasileira.
Por outro lado, o que não deverá se manter estável, para melhor, são os desempenhos de receitas setoriais e, concomitantemente, o nosso Produto Interno Bruto (PIB). Espera-se avanço da receita dos setores de comércio e serviços no país, puxado por uma reação mais acelerada do consumo, devido a inflação estável, crédito mais barato e redução do desemprego, principalmente após o primeiro trimestre de 2020.

Perspectivas favoráveis
O PIB, que em 2019 deverá em sua projeção mais otimista repetir o resultado do ano passado, para 2020 deverá ter seu ritmo de crescimento dobrado. Os motivos são os expostos anteriormente, uma vez que o consumo das famílias é o carro chefe de nossa economia, ainda que a capacidade de elevação de forma mais duradoura tenha de vir dos investimentos. Mesmo que tenhamos utilização de capacidade instalada bastante estagnada, a tendência é um respiro para o ano que vem. A despeito desses cenários expostos, o fiel da balança que o condiciona é a esfera política e a sua disposição de auxiliá-lo (aprovando demais reformas essenciais à dinâmica socioeconômica do país) ou limá-lo, sem tais aprovações e focando em discursos que passam longe dos reais desafios do Brasil.
Com isso, nossas projeções ficam:
Para 2019: | Para 2020: |
PIB: +1,0% (↔) | PIB: +2,3% |
IPCA/IBGE: 3,2% (↓) | IPCA/IBGE: 3,5% |
SELIC: 4,5% (↓) | SELIC: 4,5% |
Taxa de Câmbio: 4,05 (↑) | Taxa de Câmbio: 4,00 |
Balança comercial: + US$ 50 bi (↔) | Balança comercial: US$ 45bi |
Vendas do varejo: +4,0% (↑) | Vendas do varejo: +5,0% |
Volume dos serviços: +1,5% (↔) | Volume dos serviços: +2,5% |
Por Jaime Vasconcellos, economista.