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Por Jaime Vasconcellos, economista.

Conforme o esperado por praticamente todos os analistas de mercado, o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central elevou no último dia 19 novamente a taxa básica de juros da economia brasileira em 1 ponto percentual, passando-a a 14,25% ao ano, o maior patamar desde agosto de 2016.

O avanço era esperado exatamente por ter sido alardeado ainda no fim do ano passado. O Banco Central também já deixou claro que novos aumentos acontecerão, porém citou que deverá haver uma moderação na subida de juros esperada para maio, o que nos parece claro, portanto, que há horizontes para a finalização desta trajetória ascendente de juros em nosso país. E se sabe que, a despeito de sua necessidade, juro mais alto não é bom para a economia real (e evidentemente aos setores de comércio e serviços).

Sabe-se que a política monetária restritiva, isto é, de aumento de juros, tem por base conter a inflação, ainda que por via de esfriamento da economia, portanto, tende a conter a inflação da demanda. O que ocorre neste momento no Brasil é uma mistura dos motivos inflacionários. Há sim um sobreaquecimento da demanda das famílias, haja visto o crescimento de 4,8% do consumo das famílias no PIB de 2024 (que cresceu em sua totalidade 3,4%), e isso é demonstrado nos preços por meio de uma pressão dos níveis médios dos custos de serviços, que em 12 meses quase atinge os 6%.

Por outro lado, também há uma pressão advinda da oferta (ou da menor oferta) de algumas mercadorias, em especial de alimentos cuja produção foi impactada por fatores climáticos, entre outros, sejam em razão do agronegócio doméstico ou internacional (ex. Café, milho, chocolate, etc). Nesse pilar da oferta, o aumento de juros é praticamente inofensivo, bastando apenas a paciência da população para que tais choques se amenizem. 

Para além da demanda doméstica aquecida e de choques de oferta, temos também o efeito do câmbio desvalorizado, que eleva preços de mercadorias importadas. Ao fim do ano passado, com as incertezas quanto às políticas do Presidente Trump, aliadas com as justificáveis dúvidas quanto à saúde das contas públicas brasileiras, o câmbio sobrepôs uma taxa de R$6,20, causando ainda mais temor de uma pressão adicional nos preços domésticos. Como em 2025 as sobretaxas americanas pouco chegaram ao Brasil, a arrecadação de impostos em janeiro veio acima das expectativas e as mudanças de presidência no nosso Banco Central não causaram perda de confiabilidade nem alteração dos objetivos necessários por parte da política monetária, o câmbio baixou significativamente e garantiu menor pressão de preços de produtos estrangeiros. 

É importante deixar claro que o fantasma inflacionário está longe de ser contido, até porque a atual inflação é mais persistente do que explosiva, ainda que não se esteja “sub Judice” qual a mais perigosa (ambas). Em resumo, mantemo-nos cautelosos a este cenário no qual para aprisionar o monstro inflacionário temos de conviver com menor ritmo de crescimento econômico. Não há saída. Por isso, é momento mais que essencial cuidar bem dos orçamentos domésticos e empresariais e ficar de olho no que e como o ambiente macroeconômico nos impactará, pois mesmo parecendo distante, ele sempre nos atinge. 

ESTIMATIVAS PARA O FECHAMENTO DE 2025:

  • PIB: 2,0%
  • Inflação (IPCA/IBGE): 5,9%
  • Taxa SELIC: 15% a.a.
  • Taxa de Câmbio: 6,00
  • Balança comercial (em US$): + 75 bi
  • Taxa de desocupação ao fim do ano (PNADc/IBGE): 6,7%
  • Volume de vendas do comércio ampliado BR (PMC IBGE/12 meses): +1,2%
  • Volume de serviços BR (PMS IBGE/12 meses): +2,0%

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