Por Jaime Vasconcellos, economista.
As primeiras percepções para 2025 não se alteraram significativamente daquelas projetadas ainda no fim do ano passado. Mantiveram-se os horizontes de arrefecimento dos indicadores de desempenho econômico, seja da própria taxa de crescimento do país e da geração de emprego celetistas, bem como do ritmo de expansão setorial, em especial do comércio e dos serviços. Por outro lado, como responsáveis por este cenário ou resultado dele, continuamos a projetar tendências mais amargas para o câmbio, inflação e, consequentemente, para os juros neste ano que se inicia.
Na esfera dos indicadores de desempenho da economia, o PIB (Produto Interno Bruto) deve ter avanço por volta de +2,2% em 2025, no meio do caminho entre o que analistas mais pessimistas (até 2%) e outros mais otimistas (próxima dos 2,5%) sugerem. Vamos pelo meio do caminho por um único, mas não simples motivo: há forças opostas puxando o ritmo da economia brasileira.
Negativamente, temos o impacto cada vez mais real do avanço recente (e que continuará) da Selic. Este aumento visa o arrefecimento inflacionário às custas de encarecimento do crédito para as pessoas físicas e jurídicas, o que impacta diretamente a demanda agregada do país. Além disso, ou principalmente, vivencia-se uma crise fiscal, que também é de confiança e que agrava tal cenário, trazendo pressão aos preços também via câmbio, que se manterá bastante depreciado (sugere-se uma taxa até superior aos R$6 por US$1).
Isto posto, só não sentiremos um baque mais agudo de desaceleração econômica em 2025, pois o consumo das famílias se manterá em patamares ainda sólidos devido a força recente do mercado de trabalho. Ainda que com algum avanço sazonal da taxa de desocupação no primeiro quadrimestre, não passaremos por um cenário dramático do mercado de trabalho no país este ano. Na verdade, os cerca de 8 milhões de postos de trabalho criados de 2021 ao fim de 2024, e que se somará aos cerca de 1,2 milhão estimados para este ano, são um bom “colchão” de renda que garantirá certa resiliência do consumo das famílias em 2025. Isso dará continuidade aos números positivos aos maiores setores da economia, os serviços e comércio, ainda que em ritmo menor que o avistado no ano passado.
Em suma, continua-se projetando um 2025 com menos crescimento, menos geração de emprego, mais câmbio, mais inflação e mais juros. Todavia, não é um crescimento irrisório, uma taxa de avanço do mercado de trabalho pouco substancial e ainda nos resta algum controle monetário da inflação. Se o ano não será um desastre, ele se mantém com consolidados sinais de que a trajetória é descendente e necessita de mudanças mais profundas para que se mudem as expectativas mais preocupantes para 2026 e anos posteriores.
Seguem as primeiras projeções aos principais indicadores macroeconômicos para 2025:
- PIB: 2,2%
- Inflação (IPCA/IBGE): 5,5%
- Taxa SELIC: 15% a.a.
- Taxa de Câmbio: 6,00
- Balança comercial (em US$): + 75 bi
- Taxa de desocupação ao fim do ano (PNADc/IBGE)): 6,5%
- Volume de vendas do comércio ampliado BR (PMC IBGE/12 meses): +2,5%
- Volume de serviços BR (PMS IBGE/12 meses): +2,0%