As estratégias de marketing utilizadas nas ferramentas de pesquisa, como Google e Bing, precisarão ser modificadas pelas empresas em razão das mudanças que estão sendo previstas nos resultados oferecidos. O Google, líder absoluto do segmento, pretende adotar o AI Overview, que se vale da inteligência artificial. Dentro de pouco tempo, o internauta ao realizar a consulta de um termo no Google irá receber uma resposta personalizada, sem a indicação de textos, vídeos, sites, redes sociais ou mapas. Ou seja, será dada uma resposta direta.
Hoje, dependendo do termo pesquisado no Google, já é possível receber esse tipo de resposta. O Bing também já disponibiliza em uma de suas abas superiores a consulta ao Copilot, ferramenta de IA da Microsoft, com resultados bastante similares.
Esse serviço certamente facilitará a vida de muitos usuários, mas tais mudanças afetarão sobremaneira o número de sites e páginas visitados, bem como outros ambientes digitais criados pelas empresas. Thaís Faccin, sócia da Jahe Marketing, exemplifica a situação com uma pessoa fictícia que acabou de se mudar para um novo bairro e está procurando uma academia para treinar. “O interessado acessará o buscador do Google e digitará ‘10 melhores opções de academias em determinado bairro’. Em vez de vários links gerados automaticamente e ranqueados a partir de palavras-chave, ou de um mapa confuso com vários pontos marcados, a pessoa receberá uma lista completa e organizada – numa ordem definida pela AI Overview”.
Ela comenta que, em termos de marketing, as marcas precisarão entrar em uma nova corrida por atenção e audiência. “Isso porque o papel da empresa na web, como distribuidora e monetizadora de atenção, é enorme”, ressalta. E complementa: “Qualquer alteração no mecanismo de busca tem consequências nas estratégias das marcas”.
Satye Inatomi, sócia da Jahe Marketing, lembra que o Google responde atualmente por mais de 90% das pesquisas na web em todo o mundo – 99% no Brasil. Outros números que impressionam em relação ao Google são: mais de 50% das buscas resultam em cliques em um dos três primeiros resultados e mais de 70% do mercado de pesquisa paga em todo o mundo está sob o seu domínio.
Nova realidade
Com este cenário, várias questões ficam em aberto: Como produzir conteúdo que seja encontrável na internet e usado nas respostas da AI Overview? O que vai acontecer com essa estrutura toda uma vez que a AI Overview deve diminuir drasticamente as taxas de cliques, a rolagem das telas, as pesquisas feitas em múltiplas fontes? Isso significa que as propagandas serão menos vistas, menos clicadas?
“Será preciso acompanhar o desenvolvimento e a utilização da nova ferramenta para entender como as peças deste quebra-cabeça voltarão a se encaixar”, admite Satye. “No entanto, vale a pena investir em alguns elementos que, até onde sabemos, fazem parte da trilha que as IAs percorrem para entregar uma pesquisa”.
Entre as possíveis estratégias que podem ser adotadas estão a produção de conteúdo capaz de responder as perguntas mais comuns e que, por conseguinte, sejam incluídas nos snippets – blocos de informação que aparecem no topo da página de pesquisa e são frequentemente usados por IAs (exemplo abaixo). “Paralelamente, vale a pena criar seções de perguntas frequentes (os FAQs), com respostas rápidas”, explica. Em sua opinião, essa ação pode aumentar a chance do material ser escolhido por uma plataforma de inteligência artificial. “Sites com alta autoridade são mais propensos a serem citados por sistemas de IA”, garante Satye.