Por Jaime Vasconcellos, economista.
O quadro econômico brasileiro não mudou muito nas últimas semanas. Internamente ainda aguarda-se a definição da Reforma Tributária no Senado, prevista para votação agora em novembro. Também se mantém a preocupação com as contas públicas, dado que é cada vez mais provável a pouca capacidade do cumprimento das metas fiscais divulgadas pelo Executivo. Outro ponto refere-se ao arrefecimento esperado da economia no segundo semestre do ano, algo que vem se consolidando com o passar do tempo, seja observando os dados setoriais ou as próprias prévias do Produto Interno Bruto brasileiro.
Nesse último ponto, se mostra relevante ressaltar que já se vê o setor de serviços perdendo força no país, até pela base forte de comparação do último ano. Observa-se também a produção física industrial patinando, conforme revelam os indicadores acumulados do ano e de 12 meses. O comércio, por sua vez, muito mais em razão da base fraca de comparação (2022), vem mostrando certa estabilidade, de olho na sazonalidade positiva da injeção do décimo terceiro na economia e com a presença de datas especiais de fim de ano. Em linhas gerais, o PIB, que cresceu 3,7% no primeiro semestre de 2023, certamente será puxado para baixo pelos desempenhos mais fracos dos dois últimos trimestres do ano e deverá obter resultado inferior ao projetado: avanço de 3%.
Sem entrar na mazela social e humana, é preciso ainda considerar os possíveis impactos do conflito entre Israel e Hamas, principalmente no que tange à questão inflacionária que tal realidade seria capaz de causar na economia mundial. Esse potencial inflacionário nos atingiria via preços de commodities, mas sobretudo a partir de decisões dos bancos centrais pelo mundo para tentar segurar, ou avançar, taxas de juros para o controle de possíveis movimentos altistas de preços internacionais.
Tal projeção, com a possibilidade de taxas básicas de juros ainda mais elevadas em outros países, enquanto o Brasil busca uma trajetória sustentável de queda de sua própria taxa básica (Selic), poderá levar a uma redução de oferta de dólares no mercado doméstico, gerando avanço do câmbio, principalmente para o ano que vem. Isso impactará os preços internos e colocará em xeque até mesmo o ritmo da trajetória descendente dos juros no país. Ainda que pareça algo exagerado, esse é um cenário que precisa ser acompanhado de perto, ainda mais considerando a já citada difícil realidade fiscal brasileira, que por si só tem o potencial de impor limites a juros mais baixos.
Isso posto, abaixo seguem as projeções para os principais indicadores macroeconômicos nacionais, ainda para 2023:
- PIB: +2,75%
- IPCA: +4,5%
- SELIC: 11,75% a.a.
- Taxa de Câmbio: 5,00
- Balança comercial: + US$ 70 bi
- Vendas do comércio ampliado BR: +3,5%
- Volume dos serviços BR: +2,0%