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Por Jaime Vasconcellos, economista.

A conjuntura econômica brasileira nas últimas semanas tem se caracterizado por cenários contrastantes. No âmbito interno, observa-se uma inflação em desaceleração, embora ainda acima da meta estabelecida pelo Banco Central. O mercado de trabalho mantém-se resiliente, sustentando a demanda interna e promovendo revisões positivas para as projeções do PIB de 2025. Paralelamente, o ambiente econômico tem sido impactado por análises e projeções sobre os efeitos adversos decorrentes da sobretaxa americana de 50% sobre produtos brasileiros. Assim, inicia-se a segunda metade do ano com uma postura pragmática, diante de notícias tanto favoráveis quanto desfavoráveis.

No contexto doméstico, as estimativas para o crescimento econômico brasileiro se aproximam de 2,5% para 2025, valor superior ao registrado em alguns períodos passados, que era até abaixo dos 2%. Esse avanço decorre principalmente do fortalecimento do consumo interno, diretamente relacionado à resiliência do mercado de trabalho, que preserva a renda das famílias. Destaca-se, ainda, a taxa de desocupação de 6,2%, a menor para o mês de maio desde o início da série histórica, além da criação de mais de um milhão de empregos formais entre janeiro e maio deste ano (dados do Novo Caged).

Adicionalmente, a economia doméstica apresenta sinais de moderação inflacionária nos últimos meses, mesmo que o IPCA acumulado em doze meses atinja 5,35%, ainda superior à meta de 3%. Essa desaceleração dos preços tem contribuído para a estabilização da taxa básica de juros, que deve se manter em 15% a.a. pelo menos até o fim de 2025.

Embora o cenário até então sugira uma trajetória positiva, é importante ressaltar que a continuidade desse ritmo de expansão econômica ocorre apesar do elevado patamar dos juros, cujos efeitos restritivos deverão se intensificar nos próximos meses. A expectativa é de que estes níveis elevados persistam ao menos até 2026, resultando em uma gradual desaceleração do crescimento econômico.

No contexto externo, destaca-se o impacto da recente elevação tarifária de 50% imposta pelo governo Trump sobre produtos brasileiros exportados aos EUA. Ainda que seja prematuro mensurar as perdas potenciais, existe o risco de reciprocidade e de possível escalonamento das tarifas, com consequências relevantes para empresas exportadoras e suas regiões envolvidas. Além dos efeitos microeconômicos, há tendência de pressão cambial, potencial desvalorização da moeda, impacto nos preços e, consequentemente, novas discussões sobre a política de juros, afetando toda a cadeia econômica.

Portanto, projeta-se que o segundo semestre, sucedendo um primeiro relativamente estável, será marcado por maior cautela, incerteza e volatilidade. Tais fatores tendem a influenciar negativamente o ritmo do crescimento econômico, na medida em que elevam os riscos percebidos por consumidores e empresários (inclusive do varejo representado pelo Sincomavi), reduzindo seus respectivos apetites por novos consumos e investimentos.

ESTIMATIVAS PARA O FECHAMENTO DE 2025 DA ECONOMIA BRASILEIRA:

  • PIB: 2,3%
  • Inflação (IPCA/IBGE): 5,1%
  • Taxa SELIC: 15,00% a.a.
  • Taxa de Câmbio: 5,80
  • Balança comercial (em US$): + 75 bi
  • Taxa de desocupação ao fim do ano (PNADc/IBGE): 6,5%
  • Volume de vendas do comércio ampliado BR (PMC IBGE/12 meses): +2,5%
  • Volume de serviços BR (PMS IBGE/12 meses): +3,0%

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