O mercado de trabalho do varejo de material de construção da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) terminou 2024 com uma perda de 1.069 empregos no último mês de dezembro, após 2.064 admissões e 3.133 desligamentos, para um estoque formado por 95.724 vínculos empregatícios ativos. Além de ter sido um recuo mensal maior que o visto em dezembro de 2023 (-606 vagas), esta retração foi a terceira seguida do indicador. Já na capital paulista o saldo negativo foi de 639 vagas, também mais agudo que o registrado no último mês de 2023 (-354 vagas).
Evolução do saldo de empregos do varejo de material de construção – RMSP e São Paulo/SP
Fonte: Caged
Mais da metade deste recuo de empregabilidade no segmento varejista de material de construção da Grande São Paulo tem como origem os estabelecimentos categorizados como de material de construção em geral, que cortaram 585 vagas em dezembro passado. Em números absolutos, a segunda maior perda foi do ramo de ferragens e ferramentas, com 215 postos de trabalho a menos.
No ano, criou-se exatos 1.162 empregos pelo setor na Região Metropolitana de São Paulo. Dentre os segmentos analisados, a única perda ocorreu exatamente nas empresas de material de construção em geral, com recuo de 499 vagas. Já os três melhores resultados foram:
- Comércio varejista de ferragens e ferramentas: +425 vagas;
- Comércio varejista de madeira e artefatos: +387 vagas;
- Comércio varejista de material elétrico: +334 vagas.
“É importante ressaltar que mesmo com quase 1,2 mil empregos sendo gerados em 2024, tivemos uma diminuição de 23,2% em relação ao saldo positivo de 2023, que ficou em +1.514 vagas geradas”, comenta o economista Jaime Vasconcellos. O avanço do ano passado foi o mais arrefecido dos últimos quatro anos.
Evolução do saldo de empregos do varejo de material de construção – RMSP e São Paulo/SP
Fonte: Caged
Jaime admite que há um sentimento dúbio ao se analisar os números do emprego com carteira assinada no comércio varejista de material de construção em 2024: “não se pode desprezar a geração de quase 1,2 mil vagas criadas, assim como não podemos descartar certa frustração pela forma com que o ano finaliza, com arrefecimento do mercado de trabalho, caminhando até em consonância com o cenário do emprego em nível nacional”.
Da mesma forma que se sabe que este emprego gerado foi uma resposta ao desempenho positivo da demanda e, consequentemente, da receita de vendas do setor de material de construção, é compreensível que a desaceleração de empregabilidade no fim do ano, já marcado tradicionalmente por uma sazonalidade negativa, sinaliza não só para um ritmo menos intenso de vendas, como também para perspectivas mais cautelosas dos empregadores. Tal preocupação deriva da performance de vendas do setor para 2025, que deve impactar consigo o nível de empregabilidade destes estabelecimentos.
“Sem dúvidas, é o cenário mais desafiador ao consumo das famílias que faz com que as perspectivas de crescimento dos empregos em 2025 sejam inclusive aquém do saldo do ano passado”, adverte Jaime. E complementa: “é o resultado de juros mais altos que impactam o crédito às empresas e consumidores, proveniente de uma necessária política monetária mais restritiva, resposta a uma inflação persistente e que tem consigo elevada influência de uma política fiscal para além de simplesmente elevada”.
Para finalizar, ele lembra ainda que, no caso do varejo, há duplo impacto negativo deste cenário, pois não somente o crédito fica mais elevado para as empresas, causando aumento de seus custos operacionais, como o custo do crédito às pessoas físicas aumenta, dificultando novos financiamentos e vendas. “É por isso que não somente houve sinal amarelo ao ritmo de empregos no último trimestre, que já foi mais negativo que em anos anteriores, como se espera também menos vigor deste indicador para 2025”.