Os indicadores econômicos de março apresentaram um cenário bastante negativo para o comércio. O Índice do Varejo Stone (IVS) contou com uma queda de 1,6% no período, sendo que no caso do comércio digital o recuo foi mais abrupto, com -12,9%, enquanto as lojas físicas tiveram como resultado -0,1%.
Entre os segmentos analisados, a baixa mais significativa ficou por conta do varejo de material de construção com – 5,5%, seguido por Tecidos, Vestuário e Calçados (-3,4%) e Móveis e Eletrodomésticos (-2,7%). A exceção desse quadro negativo ficou para o setor de Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo, com elevação de 2,2%.
O Índice de Performance do Varejo (IPV) verificou, em março, que houve queda no fluxo de visitantes de 2% em lojas de rua e 16% em shopping centers, enquanto as vendas e o faturamento recuaram 5% e 6%, respectivamente, em comparação com o mesmo período de 2024. O levantamento, elaborado em conjunto pela HiPartners, FX Data Intelligence, F360 e 4Intelligence, mostra ainda retrocesso no ticket médio geral, de -1,1%, com os estabelecimentos situados em shopping centers registrando alta de 3,4% e lojas de rua, queda de -3,7%.
Desaceleração
Para Matheus Calvelli, pesquisador econômico e cientista de dados da Stone, o mercado de trabalho continua mostrando força, mas já dá sinais de desaceleração, principalmente no setor informal. “A taxa de desemprego subiu entre dezembro e fevereiro, enquanto o mercado formal surpreendeu positivamente com a criação de quase 200 mil vagas, segundo dados do CAGED”, destaca. E avalia: “Esse cenário acaba mantendo a pressão sobre a inflação. Ao mesmo tempo, as famílias estão mais endividadas. Esse aperto no orçamento, somado à inflação, tem pesado no consumo e ajuda a explicar a perda de ritmo do varejo nos últimos quatro meses”.
Já Eduardo Terra, sócio da HiPartners, reforça a inconstância dos números da economia brasileira nos últimos meses, sobretudo do comércio. “O varejo brasileiro segue oscilando entre avanços pontuais e desaceleração estrutural. Mesmo com crescimento de 2,4% no varejo ampliado em janeiro (interanual), o desempenho ainda é moderado, principalmente nos setores sensíveis ao crédito”, explica.
Estimativas
O Índice ABRAMAT/FGV, que acompanha o faturamento das indústrias de material de construção, teve aumento de 0,4% em março em relação ao mês anterior. Na comparação com o mesmo período de 2024, o resultado foi mais positivo: crescimento de 7,3%. Projeção da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção indica um possível crescimento de 2,8% em 2025.
Já a pesquisa IBEVAR-FIA Business School aponta para uma queda de -3,21% no consumo para o segundo trimestre de 2025 em comparação ao mesmo período do ano passado. O estudo estima também recuo no volume total de vendas no acumulado de janeiro de 2025 até o fim do segundo trimestre deste ano, com baixa de -1,94%.